O estudo e as inovações foram realizadas por três cientistas americanos envolvidos num projeto lançado pelo ex-presidente Barack Obama em 2013, para superar as barreiras à investigação mais profunda do cérebro. O estudo foi divulgado esta semana durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

A Pesquisa do Cérebro através de Neurotecnologias Inovadoras Avançadas (BRAIN, em inglês), quer descobrir, por exemplo, aspetos desconhecidos do cérebro e tratamentos para as doenças de Alzheimer, Parkinson e a esquizofrenia.

Uma das tecnologias desenvolvidas, chamada Scape, permite aos cientistas verem as estruturas do cérebro a um nível microscópico.

O Scape permite uma observação em três dimensões dos neurónios de uma mosca, enquanto esta voa procurando comida, ou temendo pela sua vida, disse a professora de Engenharia Biomédica, Elisabeth Hillman, da Universidade de Columbia.

"Podemos ver realmente uma luz verde a piscar quando o cérebro está a dizer ao corpo para se mover", disse a investigadora na conferência. "Podemos visualizar cada um dos neurónios desses organismos em todo o cérebro, o que antes não era possível", acrescentou.

Essa nova ferramenta abre múltiplos caminhos de pesquisa, inclusive para decifrar os sinais vistos atualmente nas imagens de ressonância magnética.

Ativar neurónios à distância

A recém-patenteada ressonância magnética portátil também promete avanços para o diagnóstico móvel, disse a professora Julie Brefczynski-Lewis, da Universidade da Virgínia Ocidental. O aparelho, que tem o tamanho de um capacete de futebol americano, é usado na cabeça e não interfere na habilidade dos pacientes de se mover livremente.

O novo dispositivo pode penetrar de forma profunda nas estruturas do cérebro, ao contrário dos exames de ressonância magnética mais antigos, que analisam apenas a superfície.

"Muitas coisas importantes que acontecem com as emoções, com a memória e com o comportamento estão no centro profundo do cérebro, áreas que podemos alcançar com a nossa tecnologia", afirmou Brefczynski-Lewis.

"Então é possível detetar as instruções no cérebro que são importantes para caminhar, para o equilíbrio e, eventualmente, vamos cobrir todo o cérebro", acrescentou.

O dispositivo pode ser usado em pacientes que sofrem acidentes vasculares cerebrais, epilepsia, ou lesões durante acidentes.

"Com esta técnica, é possível estudar alguém na sala de emergência com um acidente vascular cerebral e descobrir diferentes opções de tratamento que podem ser mais adequadas", explicou Brefczynski-Lewis.

Outra área de exploração do cérebro envolve uma tecnologia não invasiva que pode ativar, ou disparar nos neurónios remotamente, usando ondas de rádio, ou campos magnéticos.

Ativar os neurónios em localizações precisas pode ajudar os investigadores a descobrirem novos tratamentos, ao identificar quais células estão envolvidas em determinadas doenças.

Esta tecnologia também pode ajudar a melhorar a estimulação do cérebro profundo com impulsos elétricos, atualmente usada para minimizar os sintomas da doença de Parkinson.