A nova vacina pode ser 67% mais eficaz na prevenção de gastroenterites severas causadas pelo vírus, segundo os investigadores da Universidade de Harvard, Estados Unidos, e da associação Epicentre, de Paris (criada pela organização Médicos Sem Fronteiras e centrada na pesquisa e formação).

O rotavírus é responsável por cerca de 37% das mortes por diarreia em crianças com menos de cinco anos, um total de cerca de 450.000 crianças por ano, especialmente na África subsaariana. É a principal causa de diarreia aguda ou gastroenterite grave em crianças e as medidas de higiene não impedem a transmissão, pelo que a vacinação é importante.

Em países onde a taxa de rotavírus é elevada e o acesso a cuidados de saúde é baixo, as vacinas têm de ser baratas e fáceis de armazenar, sendo por exemplo estáveis com altas temperaturas, dizem os autores do trabalho.

Atualmente existem duas vacinas contra o rotavírus mas são caras e têm de estar em locais refrigerados durante toda a cadeia de abastecimento, o que nem sempre é possível em países como o Níger, onde a eletricidade e a capacidade de refrigeração nem sempre “são fiáveis”, segundo os responsáveis, que salientam que a nova vacina é estável com o calor.

Por isso, a nova aposta é uma vacina adaptada a África, o continente onde é mais precisa, disse um dos responsáveis pelo estudo, Sheila Isanaka, professora assistente em Harvard, que defendeu: Quando a vacina estiver amplamente disponível em África ajudará a proteger milhões de crianças vulneráveis.

No ensaio, os pesquisadores fizeram um estudo no Níger para avaliar a eficácia da vacina de baixo custo e estável no calor, tendo sido recrutadas mais de 3.500 crianças que receberam três doses de vacina ou placebo.

A vacina foi licenciada na India mas a aprovação, conhecida como pré-qualificação, pela Organização Mundial de Saúde é necessária antes que possa ser comprada pelas Nações Unidas e agências governamentais. “Após o sucesso do ensaio clínico da vacina esperamos que ela possa ser disponibilizada em breve para as crianças do Níger e de toda a África”, disse Isanaka.

O estudo é publicado na quinta-feira no “New England Journal of Medicine”.

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