A decisão de rejeitar fundos é um protesto contra “a resposta vergonhosa da Europa, que se focaliza mais na dissuasão do que na ajuda e na proteção” dos migrantes e refugiados que chegam à Europa, explicou Jérôme Oberreit, secretário geral dos Médicos Sem Fronteiras.

“Esta decisão tem efeito imediato e será aplicada a todos os projetos dos Médicos Sem Fronteiras em todo o mundo”, comunicou.

Os Médicos Sem Fronteiras consideram que as políticas europeias para as migrações visam “repelir as pessoas e o seu sofrimento para longe das costas europeias”.

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Como exemplo, a organização cita o acordo entre a União Europeia e a Turquia, firmado em março, no quadro do qual este país aceitou receber todos os migrantes, incluindo os requerentes de asilo, que cheguem à costa da Grécia, mas cujas condições de acolhimento têm sido alvo de críticas internacionais.

Esse acordo teve como “consequência direta” que, “nas ilhas gregas, mais de oito mil pessoas, incluindo centenas de menores que viajaram sozinhos, estão bloqueadas”, vivendo em “condições terríveis, em campos sobrelotados, por vezes durante meses”.

As atividades dos Médicos Sem Fronteiras são financiadas em mais de 90 por cento por doações privadas, mas, no ano passado, a organização humanitária recebeu 19 milhões de euros da União Europeia e outros 37 milhões dos seus Estados-membros.