"Os cuidados paliativos continuam a ser muito associados às doenças oncológicas e introduzidos apenas numa fase terminal", alerta a médica Elga Freire.

De facto, "apesar de ser já consensual que deve haver uma introdução precoce dos cuidados paliativos no tratamento das doenças oncológicas e não oncológicas, a par de todos os outros cuidados, mesmo que o objetivo seja curar, estes continuam a ser associados às últimas semanas ou meses de vida dos doentes", considerou a especialista no âmbito das Jornadas do Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa que decorreram este mês no Porto.

A especialista em medicina interna e coordenadora do Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa sustenta em declarações à agência Lusa que "aos médicos cabe fazer a avaliação de necessidades de doentes complexos e suas famílias, providenciar alívio de sintomas, saber comunicar eficazmente e trabalhar em equipa".

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Para esta especialista, é "importante alertar que as doenças não oncológicas, nomeadamente as insuficiências de órgão como a insuficiência cardíaca, a doença renal crónica avançada, as doenças respiratórias crónicas, a doença hepática avançada ou a sida são áreas que carecem de uma atenção específica em cuidados paliativos".

Outras doenças

Elga Freire frisa ainda que "grande parte das ações de formações e reuniões científicas no âmbito de cuidados paliativos se dedicam sobretudo aos doentes oncológicos, quer a população em geral, quer a população médica ainda associa estes cuidados a esta área".

No entanto, no seu ponto de vista, "um dos grandes desafios vem da parte das doenças neurológicas e degenerativas, nas quais se incluem as demências e a esclerose lateral amiotrófica, entre muitas outras".

Quem sofre destas doenças é, de acordo com a especialista, cada vez mais alvo dos cuidados dos internistas, sendo por isso necessário que estes estejam também preparados para lidar com estas situações. E cada vez mais cedo".