O BE acusou o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, de pretender alargar a promiscuidade entre setor público e privado também às Misericórdias, esclarecendo que o partido “não questiona” o papel destas instituições na prestação de cuidados de saúde.

Na segunda-feira o deputado do BE João Semedo ter acusado o primeiro-ministro, Passos Coelho, de estar a satisfazer um "capricho" e uma "velha reclamação" do líder do CDS e ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, ao entregar hospitais públicos às misericórdia.

Ontem, o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães acusou hoje os bloquistas de "sectarismo ideológico" e de "falta de sentido social" ao ter criticado que os hospitais das misericórdias lhes sejam "devolvidos”.

Em comunicado enviado à Agência Lusa, o Bloco de Esquerda “esclarece equívocos e propósitos” de Nuno Magalhães, explicando que o partido “não questiona o papel das Misericórdias na prestação de cuidados de saúde”, contesta sim “a atribuição da gestão e exploração de hospitais públicos do SNS às Misericórdias”, pelas mesmas razões que discordam e condenam as parcerias público-privadas.

“O que é público deve ser gerido pelo público, tal como o que é privado ou social deve ser gerido pelo privado ou social. Em abono das nossas razões falam as desastrosas experiências da gestão privada do hospital Amadora–Sintra e do hospital de Braga”, acrescentam.

Segundo os bloquistas, “ao contrário o deputado Nuno Magalhães pretende alargar a promiscuidade entre o sector público e o sector privado também às Misericórdias, com o propósito de lhes distribuir o seu quinhão no negócio da saúde, à custa dos dinheiros públicos, para satisfazer uma fatia da sua clientela eleitoral”.

“Esta tentativa contará sempre com a oposição do Bloco de Esquerda. É isso que incomoda e irrita o deputado Nuno Magalhães e a direção do CDS/PP”, acrescentam.

Nas declarações hoje feitas aos jornalistas, Nuno Magalhães disse que os bloquistas têm outra "conceção de propriedade".

"Pelos vistos, para o Bloco de Esquerda, a propriedade é irrelevante, terá que ser tudo do Estado. O facto de o Estado tomar uma medida de pessoas de bem, que é devolver a propriedade ao proprietário, merece críticas", afirmou.

O Bloco de Esquerda esclarece ainda, no mesmo comunicado enviado à Agência Lusa, que os edifícios onde estão instaladas algumas unidades hospitalares “são das Misericórdias, mas os hospitais são do Estado”.

“O facto de ser proprietário das instalações onde funcionam hospitais do SNS não dá às Misericórdias qualquer direito acrescido para assumirem a gestão e exploração desses hospitais públicos. Uma coisa é ser senhorio, outra coisa é gerir um hospital do SNS”, justificam.

23 de novembro de 2011

@Lusa