A criação de centros de tratamento para a hemofilia em Portugal vai ser estudada por um grupo de trabalho, presidido pelo diretor do Instituto Português de Sangue, Álvaro Beleza, disse hoje a vice-presidente da associação que representa os doentes.
“O grupo de trabalho já foi publicado em Diário da República e vai estudar a implantação de centros de tratamento compreensivo de hemofilia”, adiantou a vice-presidente da Associação Portuguesa de Hemofilia e de outras Coagulopatias Congénitas (APH), Maria de Lurdes Fonseca.
A responsável falava à Agência Lusa a propósito de um encontro de famílias da APH, que decorre no próximo fim de semana numa unidade hoteleira de Évora, com a presença de cerca de uma centena de pessoas, entre doentes e familiares.
A iniciativa integra sessões formativas e atividades lúdicas, que pretendem informar e promover a troca de conhecimento e experiências entre doentes com distúrbios hemorrágicos hereditários e famílias.
De acordo com a vice-presidente da APH, o grupo de trabalho, criado pelo Ministério da Saúde, integra representantes da Direção-Geral da Saúde, Ordem dos Médicos, Administração Central de Sistemas de Saúde e da própria associação.
Atualmente, “existem 28 hospitais que estão preparados para dar resposta àquelas crises hemorrágicas”, mas, quando os doentes têm de fazer análises de rotina, “faltam algumas valências nessas unidades”, explicou Maria de Lurdes Fonseca.
Já os centros de tratamento para a hemofilia, considerou, vão permitir que os doentes façam “uma avaliação global do seu corpo”, com uma periodicidade definida pelo médico, em “ligação estreita com o hospital de proximidade”.
“Não poderão existir em todos os hospitais de proximidade equipas multidisciplinares, mas deve haver, a nível nacional, três ou quatro centros de referência que avaliarão os doentes”, defendeu a mesma responsável.
A vice-presidente da APH disse ainda que o grupo de trabalho, que deverá reunir este mês pela primeira vez, deverá elaborar também as linhas orientadoras para o tratamento da hemofilia, que “todos os países têm e que já existem em Portugal para outras doenças, como a diabetes”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente uma em cada 10 000 pessoas nasce com hemofilia e, em Portugal, a base de dados da APH tem o registo de 720 pessoas com distúrbios hemorrágicos hereditários.
A hemofilia é uma deficiência congénita no processo de coagulação do sangue que se manifesta quase exclusivamente nos homens e se caracteriza pela ausência ou carência de um dos fatores da coagulação, provocando hemorragias frequentes, especialmente a nível articular e muscular.
08 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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