O artigo publicado pela revista especializada "Cancer Cell" baseou-se em experiências de laboratório com células pulmonares que foram expostas de forma crónica a fumo de tabaco, em doses equivalentes a fumadores de há 20 ou 30 anos.

Depois de 10 dias, as células começam a mudar a sua expressão genética, um processo conhecido como mudança epigenética.

Segundo o estudo, essa mudança demorou apenas dez meses para que fossem suficientes para aumentar as possibilidades de desenvolver cancro. "Quando se está a fumar, cria-se um substrato de mudanças epigenéticas que hipoteticamente aumentam as possibilidades para desenvolver cancro do pulmão", diz o coautor do estudo Stephen Baylin, codiretor do programa Cancer Biology da Universidade Johns Hopkins.

"Se não é fumador, o seu risco de cancro do pulmão é muito baixo", acrescenta o académico.

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Estas anomalias epigénicas desativam uma série de genes que são necessários para ajudar a proteger as células normais do desenvolvimento de tumores malignos. O facto das mudanças epigenéticas não alterarem ou mutarem a sequência dos genes do ADN básico mostra que há esperança para as pessoas que querem parar de fumar.

"Este trabalho sugere a possibilidade de que, diferentemente das mutações, que são muito difíceis de reverter, quando se para de fumar por um determinado período de tempo, existem hipóteses de diminuir matematicamente as possibilidades de que ocorram essas mudanças epigenéticas", comentou Michelle Vaz, coautora do estudo e investigadora da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.

Ou seja: "Há potencialmente mudanças reversíveis que estão a contribuir para o desenvolvimento de certos tipos de cancro de pulmão", concluiu.

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