
De acordo com o vereador do PS na Câmara de Sernancelhe César Lourenço "vive-se um desconforto generalizado na população, em especial a mais idosa e com problemas crónicos".
"Num concelho como o nosso, do interior, a falta de um médico permanente é motivo de alarme. Tantos os mais idosos, como os doentes crónicos sentem-se fragilizados porque não conseguem marcar consultas", acrescentou.
Também o presidente da Câmara de Sernancelhe eleito pelo PSD, Carlos Santiago, partilhou a mesma preocupação, já que "se trata de saúde e não de outra coisa qualquer".
"É um facto que não há um único médico em permanência e isso preocupa-me. Tem que haver soluções e isso está nas mãos da ARS Norte", alegou.
O dirigente do PCP, João Abreu, considerou que esta é "uma situação inadmissível que tem de ser resolvida".
"Não se percebe que um concelho inteiro esteja dependente de apenas um médico de família, que desde junho foi de férias e não foi substituído. Isto obriga a que os doentes se tenham de deslocar a Moimenta da Beira ou a Viseu", alertou.
Contactada pela Lusa, a Administração Regional de Saúde (ARS) Norte remeteu um esclarecimento dado pelo diretor Executivo do ACES Douro Sul, Rui Dionísio, que confirmou que, nos últimos dois anos, "têm-se verificado ausências frequentes, por doença, dos dois médicos do mapa de pessoal desta unidade de saúde".
"Em particular um destes médicos já terá solicitado aposentação por invalidez e não comparece ao serviço há longos meses. Por outro lado, os médicos prestadores de serviços (através de empresa) não têm cumprido com o estabelecido e quando algum destes médicos sai, a empresa tem dificuldades na sua substituição", referiu.
A situação "agudizou-se no mês de outubro", quando uma médica que deveria ter sido alocada ao Centro de saúde de Sernancelhe, por processo concursal aberto pela ARS Norte, "ter tomado posse no processo concursal aberto pela ARS Centro".
O diretor executivo do ACES Douro Sul apontou ainda que a 09 de novembro foi aberto um concurso para recrutamento de pessoal médico para a categoria de assistente, da área de medicina geral e familiar, onde constam oito vagas para o ACES Douro Sul, "das quais se espera conseguir alocar duas vagas ao Centro de Saúde de Sernancelhe". Este objetivo, a ser concluído com sucesso, "permitiria resolver a situação, na sua plenitude, dentro de poucos meses".
De acordo com Rui Dionísio, há dias que se encontra a exercer funções, no Centro de Saúde de Sernancelhe, uma médica recém-especialista em medicina geral e familiar, que se encontra no prolongamento do internato.
"Além desta médica têm também colaborado médicos de outros centros de saúde (pertencentes ao ACES Douro Sul), tendo-se desta forma conseguido assegurar os serviços mínimos, com pelo menos a presença de um médico ao longo de todo o dia, com recurso a horas extraordinários. Esta não é a situação desejável mas a possível, até que o processo concursal seja concluído", sustentou.
O diretor executivo do ACES Douro Sul destacou também que a autarquia de Sernancelhe "tem apoiado todos os profissionais médicos que queiram exercer a atividade em Sernancelhe, nomeadamente através da cedência de habitação”.
“Contudo, até ao momento, não foi possível a sua fixação".
A falta de médico de família em Sernancelhe levou a que algumas pessoas tivessem criado na rede social Facebook um grupo intitulado "Saúde em Sernancelhe", que convocou para hoje de manhã uma manifestação de descontentamento, "sem voz de comando", à frente do Centro de Saúde de Sernancelhe, onde terão estado cerca de duas dezenas de utentes.
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