Como explicar ao chefe que só precisa de trabalhar quatro dias por semana? E que isso lhe faz bem à saúde? O argumento dado pelos cientistas australianos - cujo estudo se baseou numa amostra de 3.000 mulheres e 3.000 homens - é que a sobrecarga de trabalho (a partir de 55 horas semanais) provoca stress e exaustão mental, o que, por sua vez, torna mais lentas as capacidades neuronais e as funções cognitivas.

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O mesmo estudo conclui que os trabalhadores que reduziram a quantidade de horas de trabalho para 25 horas semanais melhoraram o seu desempenho cognitivo: memória, raciocínio e conhecimento específico.

"A partir dos 40 anos, existem certos aspetos da mente que se tornam ligeiramente mais lentos e essa falta de concentração e cansaço será mais notada a partir dos 50 anos. Mas continuar a trabalhar de forma moderada pode ajudar a melhorar a saúde e aumentar a motivação intelectual", explica a psicóloga espanhola Isabel Aranda, doutora em Psicologia do Trabalho e Organizações, citada pelo diário El País.

O mesmo jornal exemplifica o caso holandês: em algumas escolas os professores cumprem a carga de laboral semanal trabalhando apenas às segundas, terças e quartas-feiras.

No futuro, acrescenta Isabel Aranda, "o trabalhador poderia reduzir a sua jornada de trabalho e começar a receber parte da reforma e ao mesmo tempo continuar a contribuir. Assim não perderíamos o know-how, nem a experiência de um veterano, e esse trabalhador, por sua vez, equilibraria o tempo de trabalho e o tempo de descanso e lazer, melhorando a sua saúde física e mental", comenta a psicóloga.

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Menos horas de trabalho, mais benefícios psíquicos

Há cada vez mais estudos e publicações a sugerirem as vantagens da redução da jornada no modelo four-day week.

Num artigo que escreveu para a BBC, o sociólogo Alex Williams, professor de sociologia da Universidade de Londres, refere que este esquema de trabalho poderia também ser mais benéfico para a economia individual e para o meio-ambiente. Em primeiro lugar, argumenta, apoiando-se num estudo dos economistas David Rosnick e Mark Weisbrot, a redução do número de horas de trabalho relaciona-se com uma redução significativa do consumo de energia.

Com a passagem de cinco para quatro dias de trabalho semanais, reduzir-se-ia também a quantidade de combustível utilizado nas deslocações, bem como a energia necessária para pôr o local de trabalho em funcionamento. Desta forma, as emissões de dióxido de carbono diminuiriam e o "planeta" agradeceria.

Outra experiência feita num lar na Suécia, em 2015, pela empresa Svartedalens, consistiu em reduzir o número de horas dos trabalhadores de sete para seis horas diárias. Os salários, porém, mantiveram-se.

O estudo concluiu que esta diminuição do horário de trabalho resultou no aumento da produtividade dos trabalhadores e, mais importante ainda, na redução do número de doenças transmitidas dentro do centro de apoio e cuidados para idosos.