Segundo adiantou à agência Lusa o presidente do Conselho Regional do Sul (CRS) da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, esta preocupação foi manifestada por todos os diretores clínicos numa reunião hoje com o CRS para analisar o impacto do diploma recentemente publicado em Diário da República e que prevê que os hospitais cortem, pelo menos 35%, nos gastos com a contratação de médicos tarefeiros externos ao SNS.

"Há uma unanimidade dos diretores clínicos em considerarem que esta legislação se passar a ser aplicada ao seu hospital implicará uma diminuição da qualidade do seu serviço, nomeadamente nos serviços de urgência geral e nas várias especialidades", realçou Alexandre Valentim Lourenço.

Ouvidos os diretores clínicos dos hospitais do SNS do sul, a Ordem dos Médicos prepara-se agora para dizer ao Ministério da Saúde que estes profissionais estão "muito preocupados" com o impacto negativo dos cortes anunciados, lembrando que as dificuldades de pessoal estão a impossibilitar os diretores clínicos de exercerem plenamente a sua atividade de coordenação e planeamento dos serviços hospitalares.

Alexandre Valentim Lourenço observou que, à maioria dos diretores clínicos, não agrada a prestação de serviços por médicos e enfermeiros externos ao seu hospital, mas que, em virtude de o regime de contratação de médicos para o quadro ser lento e demorado, levando muitas vezes a desistências, não existe outra solução.

O presidente do CRS da Ordem dos Médicos congratulou-se com o facto de os diretores clínicos terem assumido nesta reunião a "defesa da qualidade" do SNS, numa altura em que se encontram "entre a espada e a parede", ou seja entre as exigências normativas e as exigências de qualidade e resposta do SNS. "Todos eles defenderam a `casa´ e o SNS", acentuou.

O bastonário da Ordem dos Médicos já tinha alertado para as consequências negativas que cortes na contratação de médicos terão na população e na qualidade do SNS.

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