O presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), José Luís Medina, defende que o uso adequado de insulina pode reduzir os custos da diabetes em Portugal, que rondam anualmente os mil milhões de euros.
“O uso precoce da insulina possibilita um melhor controlo metabólico, especialmente nos doentes que não cumprem as regras prescritas em relação à alimentação e à atividade física, e, em consequência, diminui a probabilidade de surgirem complicações tardias”, afirmou o especialista, que falava à Lusa a propósito da realização, a partir de hoje, de um congresso sobre a doença, que reunirá mais de 18 mil especialistas em Lisboa.
O responsável da SPD adiantou que “se ao fim de alguns meses não se obtiver o efeito desejado no controle da glicemia, então deve-se avançar com a introdução de medicamentos de segunda linha, ou seja anti-diabéticos orais ou a insulinoterapia”.
“Os doentes são um pouco resistentes à insulina, por ser injetável, e por isso tendem a pedir os anti-diabéticos orais”, disse.
José Luís Medina referiu que as recentes normas científicas da Federação Internacional da Diabetes encorajam o uso da insulina mais cedo do que se fazia na terapêutica convencional.
“As estatísticas demonstram que há um nítido aumento da prescrição da insulina, em Portugal que era um dos países da Europa que tinha menor índice de prescrição desta substância e isso é bom porque, de facto, a utilização da insulina precocemente evita muitas das complicações”, salientou.
Atualmente, e de acordo com o último Relatório do Observatório Nacional da Diabetes (OND), o custo anual da doença em Portugal ronda os mil milhões de euros, o que representa cerca sete por cento das despesas com a saúde.
O plano terapêutico com insulina permite controlar a diabetes prevenindo complicações como o pé diabético, a nefropatia, a neuropatia e a retinopatia diabéticas e episódios cardiovasculares.
A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos.
Em 2009, 12,3 por cento da população portuguesa entre os 20 e os 79 anos (cerca de 980 mil pessoas) tinha diabetes. Destes 980 mil portugueses, cerca de 430 mil não sabe que tem esta patologia.
Durante esta semana, no congresso anual da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes, instituto europeu com sede em Dusseldorf, serão apresentados todos os temas relacionados com a doença, como as suas complicações, as várias opções de tratamento, relação entre diabetes e cancro ou novas medicações, entre outros temas.
Estão previstas 1.200 comunicações, entre orais e 'posters', e todos os dias haverá uma “lecture”, que são temas principais muito fortes, que dão uma lição ou fazem um ponto da situação.
12 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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