Matshidiso Moeti falava durante a sessão de informação online da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a pandemia de covid-19 em África, hoje marcada pelas dúvidas sobre a vacina da AstraZeneca, suspensa em vários países após casos de reações adversas graves, e sobre a qual o regulador europeu vai hoje pronunciar-se.

“Em relação à suspensão preventiva da vacina da AstraZeneca em alguns países da Europa, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) está hoje reunida e esperamos uma recomendação”, disse, recordando que a OMS está a fornecer aos países toda a informação disponível.

“É natural que os países estejam preocupados”, afirmou, referindo que ainda esta noite enviou para todos os países a informação adicional mais atualizada.

Ainda assim, Moeti encorajou os países a continuarem com as suas campanhas de vacinação e a não fazerem pausas.

“Estamos numa corrida contra o tempo. Quanto mais pessoas estiverem protegidas, menor a probabilidade de mutações que produzam variantes mais perigosas do vírus, pondo em perigo o mundo inteiro”, disse.

A diretora regional da OMS para África referiu que é esperada uma terceira vaga nas próximas semanas, tendo em conta que “os governos estão a aliviar as restrições e há cansaço da população em aderir a medidas de saúde pública”.

Para Matshidiso Moeti, “a vacinação é o caminho mais rápido para a recuperação social e económica desta pandemia”.

E recordou que, através da Covax, iniciativa fundada pela OMS para garantir uma vacinação equitativa contra a covid-19, foram entregues mais de 16 milhões de doses a 27 países africanos.

Só no Gana, especificou, mais de 420.000 pessoas foram vacinadas em apenas duas semanas, o que abrange mais de 60% da população na zona da capital, Accra, que “tem sido fortemente afetada pelo surto”.

“A solidariedade internacional continua a ser vital, incluindo a partilha de doses de vacina por países ricos que têm fornecimentos excedentários”, acrescentou.

Neste encontro virtual, o presidente da African Vaccine Manufacturing Initiative, William Kwabena Ampofo, defendeu o incremento da produção de vacinas em África, mas não apenas como resposta à pandemia de covid-19 e sim para garantir uma resposta a outros surtos que atinjam o continente.

Para este especialista em virologia na Universidade do Gana, a covid-19 pode ser “uma oportunidade” para a reorientação das prioridades nesta área, incrementando a produção das vacinas em centros na região africana.

William Kwabena Ampofo reconhece que é necessário investimento e o emprego de pessoal e identificou a criação de um comité para a produção de vacinas no Gana como “um importante passo para o continente começar a produzir vacinas”.

A covid-19 infetou 4.062.388 pessoas nos 55 Estados-membros do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), causando 108.659 mortes. Recuperaram 3.649.317 infetados.

O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro de 2020, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.671.720 mortos no mundo, resultantes de mais de 120,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.