“O Conselho de Administração durante o dia de ontem [quarta-feira] voltou atrás perante todos os compromissos que tinham assumido com os chefes de equipa demissionários e neste momento esses colegas reapresentaram os seus pedidos de demissão”, disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).
Jorge Roque da Cunha acrescentou que não foi cumprida a questão dos novos circuitos, do reforço das equipas e “o respeito pelos tempos de descanso e de trabalho máximo por semana”.
O SIM e o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZL) alertaram ainda que o banco de urgência cirúrgica no Hospital de Santa Maria não estava a funcionar hoje de manhã.
“Até às 10:00 de hoje não havia ninguém para fazer urgência porque as escalas de urgência não foram criadas e as exigências dos médicos do serviço de Cirurgia não foram cumpridas”, adiantou à Lusa o presidente do SMZL, João Proença.
Já no domingo “não havia ninguém destinado para fazer banco de urgência de cirurgia e hoje também não há”, afirmou o dirigente sindical, lembrando que os médicos tinha dado um prazo para “a resolução total dos problemas”, nomeadamente “a modificação dos protocolos e a constituição das equipas de urgência”.
“Os chefes de equipa ficaram à espera de que isto fosse resolvido e, portanto, como não foi, a situação não está resolvida”, vincou João Proença.
Jorge Roque da Cunha afirma que “o Sindicato Independente dos Médicos lamenta profundamente mais esta atitude de falta de respeito perante os médicos e lamenta igualmente a incapacidade em cumprir acordos”.
“E lamenta que essa atitude que põe em causa a assistência aos lisboetas na área da cirurgia, que irá perturbar o funcionamento do Serviço de Urgências de Santa Maria, se mantenha impune e com o total silêncio do Ministério da Saúde”, sustenta.
O dirigente sindical afirma que “a resiliência destes profissionais” está expressa “nas centenas de horas que este ano já efetuaram”, recordando que quando um médico faz 500 horas extraordinárias está a trabalhar mais cerca de 60 dias já que o horário de trabalho são oito horas.
O SIM apela ainda ao Ministério da Saúde para que resolva o problema.
O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) tinha anunciado na terça-feira que tinha chegado a acordo com os especialistas, afirmando que a “grande maioria” das questões relacionadas com organização e distribuição de serviço estavam solucionadas.
Os chefes de equipa de urgência, os assistentes hospitalares e internos da formação específica da especialidade de Cirurgia Geral do Departamento de Cirurgia do CHULN tinham alertado na terça-feira que em dezembro a prestação de cuidados de saúde nas urgências poderia estar em causa por falta de médicos.
Numa nota de esclarecimento, divulgada no mesmo dia, os cirurgiões esclarecerem as suas posições das últimas semanas, como a indisponibilidade para realização de horas extraordinárias, demissão dos cargos de chefia de equipas de urgência, e invocação de exclusão de responsabilidade disciplinar face “ao funcionamento anómalo do Serviço de Urgência Central”.
Os especialistas afirmam que “a degradação das condições de trabalho” neste serviço, “o número excessivo de horas extraordinárias, equipas subdimensionadas para o trabalho prestado” e a realização de trabalho fora do âmbito da sua especialidade “compromete uma adequada e segura prestação de cuidados de saúde aos doentes na urgência”.
Compromete também “a atividade assistencial não urgente e a formação contínua dos médicos do Departamento de Cirurgia”, sustentam.
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