Saiba mais neste artigo da médica imunoalergologista Marta Chambel.

A bronquiolite é uma inflamação aguda dos bronquíolos (as vias respiratórias mais pequenas). Afeta bebés e crianças até aos 2 anos de idade, sobretudo nos meses de outono e inverno (novembro a abril).

A principal causa de bronquiolite é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Transmite-se por secreções respiratórias infetadas, quando membros da família ou outras crianças doentes espirram ou tossem. Uma vez que o vírus permanece por em superfícies, o bebé e criança pode infetar-se através de objetos que contenham as secreções respiratórias infetadas. 

Os sintomas inicialmente são semelhantes a uma constipação: nariz entupido, secreções nasais aquosas e tosse. Pode existir febre que habitualmente não é muito alta. Em poucos dias surgem outros sintomas:

  • Tosse seca
  • Dificuldade em respirar
  • Respiração muito rápida (taquipneia)
  • Esforço para respirar com retração intercostal ou tiragem (notam-se as costelas a respirar)
  • Pieira / chiadeira (uns “apitos” no peito)

Os sintomas são mais intensos 3 a 5 dias após o seu início e depois começam a melhorar. 

A maioria das vezes a bronquiolite é ligeira e é tratada em casa. 

Alguns casos são mais graves. São vários os sintomas que indicam a necessidade de observação médica:

  • Sonolência e prostração muito marcadas
  • Agitação e irritabilidade
  • Recusa da alimentação
  • Desidratação (fralda seca por várias horas, choro sem lágrima, língua seca)
  • Cianose perioral (coloração arroxeada em volta da boca)

O diagnóstico de bronquiolite é clínico, ou seja, é feito tendo em conta:

  • os sintomas: nariz entupido, secreções nasais, tosse seca, pieira/ chiadeira no peito com ou sem febre
  • Altura do ano em que ocorre: mais frequente nos meses de novembro a março
  • Idade do bebé / criança: até aos 2 anos de idade (sobretudo entre os 3 e os 6 meses)
  • Contexto epidemiológico : familiares constipados, crianças que convivem na escola com sintomas sugestivos ou com diagnóstico de bronquiolite

Podem ser realizados outros exames  mas em situações muito particulares. As análises de sangue e o Rx de tórax apenas são necessários quando existe suspeita de complicações de bronquiolite ou de outro diagnóstico. 

O tratamento da bronquiolite tem como objetivo aliviar os sintomas, manter a hidratação e o oxigénio no sangue em níveis normais. Estes são alguns dos métodos:

  • Oxigénio suplementar: É o único tratamento que comprovadamente é útil no tratamento da bronquiolite. Só deve ser administrado se a saturação de oxigénio do bebé/criança for inferior a 90%
  • Hidratação: É importante reforçar a hidratação porque a respiração acelerada e a febre que pode estar presente aumentam a perda de líquidos. No entanto os líquidos devem ser oferecidos em quantidades menores e mais vezes uma vez que o facto do estômago estar mais cheio pode tornar a respiração ainda mais difícil.
  • Alimentação: Além da normal perda de apetite que acontece em situação de doença, a ingestão de comida em maior quantidade ou na quantidade habitual pode agravar a dificuldade em respirar por distender o estômago. Assim, não deve insistir para comer e as refeições devem menores e se necessário mais frequentes.

Medicamentos como o salbutamol (em aerossol ou na câmara expansora) e a cortisona oral apenas estão indicados em situações muito específicas. De um modo geral não ajudam a melhorar a bronquiolite. 

A transmissão dos vírus que causam a bronquiolite ocorre pelas secreções respiratórias infetadas, quando membros da família ou outras crianças doentes espirram ou tossem. Assim, a melhor medida de prevenção da bronquiolite é a higienização das mãos de quem contacta com os bebés e crianças. 

O que para um adulto e criança mais velha é apenas uma constipação, para um bebé pode tornar-se num quadro de bronquiolite com dificuldade respiratória grave. Assim, um adulto / adolescente com sintomas de constipação (nariz a pingar, obstrução nasal, espirros) deve evitar sempre que possível o contacto próximo com bebés e crianças com menos de 2 anos. Este cuidado deve ser muito rigoroso com bebés de idade inferior a 3 meses, uma vez que nesta idade a bronquiolite tem maior risco de ser grave.