A maioria dos países da União Europeia é favorável a adiar até 2021 o fim da mudança da hora, pelo que Bruxelas poderá conceder mais tempo aos Estados-membros para implementarem a medida, reconheceu hoje a comissária europeia dos Transportes.

Mudança da hora acontece já este fim de semana. Alteração afeta o humor e aumenta os riscos para a saúde
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“Tivemos uma discussão realmente útil, muito aberta e muito clara. Ainda depositamos esperança no nosso plano ambicioso, mas […] temos de admitir a possibilidade de que seja necessário mais tempo para implementá-lo”, disse Violeta Bulc em conferência de imprensa, após a reunião informal dos ministros dos Transportes da União Europeia, em Viena.

A comissária europeia assumiu que, para poderem tomar decisões, os Estados-Membros precisam de encomendar estudos e realizar e sondagens, “o que leva o seu tempo”. “Não há dúvida de que estamos dispostos a conceder mais tempo aos países”, indicou, lembrando as preocupações manifestadas por profissionais de setores como o tráfego aéreo ou sistemas informáticos, que advogam por um maior período de preparação para o fim da mudança da hora.

As conclusões da consulta pública

  • 79% dos portugueses indicaram a sua preferência por aplicar permanentemente o horário de verão;
  • No mesmo sentido de opinião, a maioria (84%) dos europeus é a favor do fim das mexidas sazonais nos horários;
  • Mais de três quartos (76 %) dos participantes consideram que a mudança de hora duas vezes por ano é uma experiência "muito negativa" ou "negativa";
  • Impacto na saúde, aumento dos acidentes de viação ou a falta de poupança de energia foram as razões mais apontadas pelos que defendem o fim das alterações de horário;
  • 4,6 milhões de europeus responderam à consulta pública da Comissão Europeia, sendo esta a mais participada de sempre na UE.

Fragmentação do mapa horário

Perante a relutância dos Estados-membros em implementarem a medida já em 2019, a presidência austríaca da UE propôs que a supressão da mudança da hora aconteça em 2021. De acordo com o ministro austríaco dos Transportes, Norbert Hofer, presente na mesma conferência de imprensa, a maioria dos países é favorável a acabar com a mudança da hora, mas também a adiar o prazo para adotar esta medida. “Se nos despedíssemos agora da mudança da hora, poderia surgir um mosaico de remendos [horários], o que seria devastador para o mercado interno”, advertiu Hofer.

O ministro austríaco referia-se a uma das grandes preocupações dos 28, a fragmentação do mapa horário do continente em relação ao atual de três fusos horários, sobretudo tendo em conta que os países do Norte da Europa estão mais inclinados a manter o horário de inverno e os do Sul a ficarem com o de verão.

Hofer explicou que, uma vez que não parece viável acordar uma única zona horária em toda a UE, a ideia seria manter como meta as três zonas atuais, que são a Europa Ocidental (GMT, de Lisboa), a Europa Central (GMT+1) e a Europa Oriental (GMT+2).

No final de agosto, o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker, anunciou que a instituição vai propor formalmente o fim da mudança de hora na União Europeia, depois de um inquérito não vinculativo feito a nível comunitário, segundo o qual 84% dos inquiridos disseram preferir manter sempre o mesmo horário.

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Portugal contra

Já este mês o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que Portugal deve manter o atual regime bi-horário e ter uma hora de verão e uma hora de inverno, considerando que “o bom critério e único é o critério da ciência”. De acordo com o jornal Público de quinta-feira, o Governo português já anunciou à UE que pretende manter a mudança da hora e “manifestou discordância” com a proposta da Comissão Europeia, que terá ainda de ser aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu.

A consulta pública 'online' sobre a mudança de hora, lançada pela Comissão Europeia em julho e concluída em 16 de agosto, teve uma participação recorde na UE, com mais de 4,6 milhões de contributos.

As disposições atuais relativas à hora de verão na UE exigem que os relógios sejam alterados duas vezes por ano, para ter em conta a evolução dos padrões de luz do dia e tirar partido da luz do dia disponível num dado período.

O ministro dos Transportes e Infraestruturas austríaco, Norbert Hofer, confirmou, em conferência de imprensa, a proposta de adiamento, referindo que a maioria dos países é favorável a acabar com a mudança da hora duas vezes por ano, mas que existe também "um amplo apoio" para adiar o prazo para a adoção da medida.

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Poupança energética e mais saúde

Estudos científicos revelam que a poupança energética é mínima, cifrando-se entre os 0,1 % e os 0,2 %, sublinhou a comissária. Outras investigações evidenciam claramente que a mudança de hora "tem um impacto negativo na saúde dos seres humanos e animais", ressalvou, por seu lado, o ministro austríaco.

O Governo português avisou a União Europeia (UE) de que pretende manter a mudança da hora, manifestando discordância com a proposta da Comissão Europeia. A proposta da Comissão Europeia foi anunciada em agosto e os governos devem pronunciar-se até abril. Se avançar, a proposta da Comissão Europeia terá de ser aprovada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu.

notícia atualizada às 15h21