Paredes pintadas com palmeiras e outros motivos botânicos, cortinas de veludo, mesas e cadeiras de madeira recuperadas de outros tempos e muitos pormenores decorativos que vão saltando à vista durante a refeição, habitualmente acompanhada por música de discos em vinil. Localizado em São Pedro do Estoril, na linha de Cascais, o Água da cascata vai correndo na ribeira e acaba no mar é, tal como o extenso nome o faz antever, mais do que um mero restaurante entre os muitos que existem na zona.

Um espaço de restauração que aposta no sushi, na comida vegetariana e na arte para dar uma nova vida a um antigo restaurante atascado que, durante anos, funcionou no local. «Surge da necessidade crescente de oferecer a São Pedro do Estoril uma oferta gastronómica mais variada e adequada às necessidades atuais, de uma alimentação mais natural e mais sustentada com base em produtos de qualidade», justifica Pedro Jesus, um dos seis sócios.

«Com uma carta que se divide entre pratos vegetarianos e sushi apela-se ao bom funcionamento do corpo através de uma dieta rica que seduz o paladar, apurando o sabor dos ingredientes. De destacar a escolha de peixe da nossa costa, como as corvinas, sardinhas e carapaus para a confeção de um sushi inesquecível e dos ingredientes, quase todos eles biológicos, que se transformam em sumos coloridos, pratos vegetarianos e saladas muito particulares», acrescenta.

As especialidades que se destacam na ementa

Como o restaurante está distribuído por três patamares, para que os clientes fiquem todos ao mesmo nível, algumas das mesas e cadeiras provenientes de uma antiga escola, entretanto pintadas e recuperadas, tiveram de ser serradas. É num ambiente envolvente e acolhedor que são servidas as iguarias que integram a ementa, como os sumos detox, que chegam à mesa num saco de plástico com uma palha.

Os apreciadores de bebidas alcoólicas podem, contudo, optar por uma garrafa de Santiago, a primeira cerveja portuguesa 100% biológica. Med Cocktail, uma espécie de caipirosca de pimento, servida num frasco, é outra das várias opções a considerar antes de se começar a deliciar com um couvert à base de tiras de cabeça de aipo, cenoura e curgete, vegetais que limpam a pele e evitam as cáries, servidos com três molhos.

Além de maionese de beterraba, podem ser degustados com chutney de abóborra e molho chimichurri, uma espécie de pesto com salsa. Depois disso, tudo o que pedir vai dar-lhe vontade de comer e babar por mais, como é o caso dos cogumelos portobello com topping de cebola confitada, vinagre balsâmico e sementes de sésamo ou dos hambúrgueres vegetarianos servidos em bolo do caco tradicional ou em bolo do caco de alfarroba.

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O restaurante que tem a porta sempre fechada

A porta do restaurante Água da cascata vai correndo na ribeira e acaba no mar está sempre fechada. Para entrar, é preciso bater. Outra das particularidades deste espaço de restauração que tem no sushi moderno, variado, original, saboroso e colorido, uma das suas grandes apostas. Para finalizar, as sobremesas são, também elas, distintas. Além de um brownie à prova de dietas, inclui gelados japoneses, de sésamo, de gengibre e de chá verde.

A que mais sobressai esteticamente é, todavia, a que alia um crepe frito feito com farinha japonesa a um gelado de baunilha caseiro, servido com creme de chantili e compota de frutos vermelhos. «Como não poderia deixar de ser, os vinhos são também eles biológicos e de produção nacional», sublinha Pedro Jesus, um dos seis sócios deste restaurante, juntamente com o artista plástico Tomás Colaço.

«Água da Cascata vai correndo na ribeira e acaba no mar surge de um haiku japonês. Os haiku são poemas que evocam habitualmente gestos simples, naturais, ligados à natureza e não rimam nem pretendem ser mais do que a transmissão de emoções muito simples», explica o homem por detrás de todo o conceito estético do espaço. «Aqui corre uma ribeira que desagua no mar de São Pedro», acrescenta.

«Se o conceito é diferente também o nome do restaurante tinha de acompanhar esta diferenciação que o torna único. Inicialmente São Pedro do Estoril era apelidado de Cai Água, graças às suas cascatas naturais, por onde e água vai correndo mais tranquilamente na ribeira e depois passa algumas pedras e quedas até se despenhar no mar», refere ainda. O restaurante funciona de terça-feira a domingo entre as 12h30 e as 15h00 e entre as 19h30 e as 24h00.

Texto: Luis Batista Gonçalves com Helena Bleck (fotografia)