Entre as colunas douradas do parisiense Palácio Brongniart, a célebre marca Fendi apresentou com grande pompa a primeira coleção de alta costura para a primavera-verão 2021, sob a direção artística de Kim Jones.
Foi um desfile ao vivo, sem público por causa do coronavírus e aguardado impacientemente pelo mundo da moda, curioso para descobrir as propostas do prodígio inglês, que em setembro tomou o lugar do falecido Karl Lagerfeld para trabalhar, como ele fez, com Silvia Venturini Fendi.
Depois de sete anos como diretor artístico das coleções masculinas de Louis Vuitton e de dois anos com a Dior Homme, onde ainda é encarregado das coleções, o estilista inglês dedica-se agora às mulheres.
Famoso por ter introduzido com êxito os códigos do 'streetwear' no mundo do luxo, o desafio agora é ainda maior, já que está a competir com a sofisticação na arte da moda.
Kim Jones, de 47 anos, criado em Sussex, no sul de Inglaterra, passou boa parte da infância perto da mítica residência de campo da escritora Virginia Woolf e do marido, onde costumavam receber grandes personalidades no início do século XX.
Esta inspiração autobiográfica mistura-se com a história da marca romana, uma das mais exclusivas e mais caras do setor de luxo.
Uma história de mulheres
No palácio parisiense, especialmente preparado para a ocasião, modelos célebres, entre elas Naomi Campbell, Kate Moss, Christie Turlington, Cara Delevingne, e também Leonetta e Delfina Fendi, filhas de Silvia Fendi, desfilaram peças deslumbrantes.
Em seguida, as modelos posicionaram-se no meio de barreiras de acrílico, fazendo poses esculturais ou folheando belíssimos livros antigos do grupo Bloomsbury, uma coleção de textos raros postos em exibição para o desfile.
Trajes longos bordados, sedas e cores remetem aos frescos de Vanessa Bell e Duncan Grant, encontrados no sítio de Sussex do círculo de Bloomsbury, onde grandes poetas e dramaturgos se reuniam para criticar as diferenças sociais e a hipocrisia da sociedade.
Jones também retoma as cores dos mármores de Roma em calças e blazers, enquanto as criações em cetim remetem ao seu antecessor, Lagerfeld, à frente da Fendi por 54 anos, falecido há um ano e meio.
O estilista também homenageou a família Fendi e, sobretudo, as suas mulheres, e chegou a trabalhar com a quarta geração, Delfina Delettrez Fendi, filha de Silvia, a quem confiou a direção criativa das joias.
Fundada em 1925 por Adèle e Edoardo Fendi, foram as suas cinco filhas, Anna, Alda, Carla, Franca e Paola, que durante décadas geriram o destino da famosa marca, até à fusão em 2001 com o grupo francês LVMH, deixando apenas o departamento criativo a cargo de Maria Silva Venturini Fendi, que trabalhou ao lado de Lagerfeld como encarregada de acessórios, das linhas masculina e infantil.
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