Os estudos confirmam o que muitas mulheres querem deixar de sentir. A tensão entre sogras e noras é, de facto, elevada, concluiu uma investigação da Universidade de Wisconsin, nos EUA.
Nela, as mães destacaram o medo de verem as noras mudarem os seus filhos, enquanto estas receavam que a sogra viesse a intrometer-se na vida do casal.
Há alguns anos, Teri Apter, psicóloga na Universidade de Cambridge, já tinha traduzido o problema em números. Para 60 por cento das mulheres, relacionar-se com a sogra é sinónimo de stresse, mas apenas 15 por cento dos homens sente o mesmo. Expetativas, rivalidade ou insegurança podem explicar este tipo de tensão familiar que, entre outros fatores, pode por em risco a (sua) relação conjugal. Não o permita. Aprenda a defender-se dos eternos inimigos do casamento com a ajuda de especialistas.
A sogra
A constituição de uma relação a dois «impõe novos limites à relação mãe-filho, situação que nem sempre é pacífica para uma mãe que acabou de perder um filho», descreve a psicóloga Catarina Mexia. Nesta fase, a mulher pode ser vista como uma rival pela sogra que, «de uma forma mais ou menos inconsciente e intensa, vai tentar manter o seu papel de cuidar do seu filho, esquecendo, por vezes, que agora há limites a respeitar», explica. Defina limites e seja clara sobre «as visitas surpresa ou os almoços de domingo», sugere a psicóloga.
Distancie-se dos conflitos e tente, de modo controlado, incluir a sogra na nova situação. Este é um processo a dois que requer diálogo, entreajuda e uma boa gestão das emoções. Como explica Catarina Mexia, «há que ter consciência de que estão perdas envolvidas, logo existe sofrimento. O filho também terá de aprender a dizer que não à mãe de uma forma construtiva. Por fim, o casal deve apoiar-se mutuamente, já que a mulher precisa de se sentir incluída pelo marido».
Erros a evitar:
- Dar a chave de casa do casal.
- Manter rituais antigos por assimilação.
- Encarar as atitudes da sogra como agressões pessoais.
O dinheiro
Os problemas relacionados com dinheiro geram desconfiança, conflitos, stresse e são uma das causas mais frequentes de separação. Em Portugal, muitos consideram este tema tabu e que falar dele não é sinónimo de saúde financeira da relação, mas do estado de confiança desta. «É uma das situações mais difíceis para lidar a dois», diz Catarina Mexia. Diálogo e transparência são, por isso, fundamentais. «O casal deve conversar acerca do assunto e fazer o que lhe parecer melhor, tendo em conta o conforto financeiro e a autonomia de cada um», aconselha a psicóloga.
A especialista considera positivo «haver um conhecimento mútuo das despesas correntes do casal e uma conta na qual são depositados os fundos necessários, num contributo que deve ser proporcional ao rendimento de cada um. É muito importante que, nesta negociação, o casal consiga manter um fundo de maneio pessoal». Quando o diálogo já é difícil, incluir «um terceiro, seja um conselheiro financeiro ou um psicoterapeuta como desbloqueador, pode ser a melhor solução», sugere.
Erros a evitar:
- Manter contas secretas ou esconder dificuldades inesperadas.
- Fazer despesas avultadas que comprometem o bem-estar ou os objetivos de médio ou longo prazo do casal.
A rotina
Nem tudo o que se repete é mau. «Existem hábitos que favorecem a relação como cumprimentar-nos de manhã ou quando chegamos a casa, dormir agarrados ou conversar à mesa. Estas rotinas aumentam a cumplicidade e alimentam a relação do casal», defende Catarina Mexia. O que pode pôr em perigo um casamento é «a rotina que se torna desconfortável, que introduz desinteresse, stresse, afastamento e mal-estar na relação», alerta. A melhor arma para combater a rotina negativa é o diálogo.
É importante eliminar «comportamentos individuais como ficar diante da televisão de forma acrítica, cortando o relacionamento com os demais», exemplifica Catarina Mexia. Aposte em pequenos gestos fora do contexto habitual e em atitudes de valorização do outro. «Não precisam de ser coisas muito demonstrativas, mas devem ser sinceras e imbuídas de uma vontade genuína de estar bem», explica. A psicóloga adianta, ainda, que «um passeio após o jantar é um hábito antigo e saudável que deve ser retomado. É gratuito, facilita a digestão e promove a intimidade do casal».
Erros a evitar:
- Isolar-se no computador ou diante da televisão quando chega a casa.
- Conformar-se e não recuperar hábitos agradáveis que interrompeu devido ao trabalho a acontecimentos de vida.
Os filhos
A chegada do primeiro filho pode ser vista como um ataque à vida do casal. Tudo muda. Durante algum tempo, o casal torna-se «uma equipa de dois parceiros, que têm como principal preocupação a sobrevivência da nova família. É tempo de organizar a vida como equipa e encontrar soluções para questões práticas», aconselha Astrid Werdnig-Pires, terapeuta familiar. «Encare esta etapa como uma fase familiar diferente, em que a relação conjugal pode ficar congelada», refere.
«Importante é, depois de algum tempo, não se esquecer de a tirar do gelo, criando espaço para o casal», comenta a terapeuta. «Aposte em pequenas fugas a dois, primeiro com um jantar fora, mais tarde com um fim de semana romântico. Este tipo de momentos ajuda a reativar a relação amorosa, conjugando-a com o novo papel como pais», afirma a terapeuta familiar.
Erros a evitar:
- Colocar o romance e a vida a dois em segundo plano por tempo indeterminado.
- Limitar as conversas de casal a assuntos de organização familiar.
Plano anti-conflito
Astrid Werdnig-Pires, terapeuta familiar, explica como agir. Quando o tema é trabalho «partilhe os seus medos. O stresse está a aumentar em quase todas as áreas profissionais. Não deixe este problema no escritório, fale com o seu parceiro», alerta a especialista. «É melhor explicar honestamente o que sente do que minimizar os problemas. Só desta maneira o casal pode reagir adequadamente e atuar como equipa», acrescenta. Já no que se refere às tarefas domésticas a terapeuta também deixa recomendações.
«Motive pela positiva É importante descobrir as diferenças na forma de lidar com as tarefas domésticas e falar sobre elas. Mas, cuidado, desejar e pedir é muito mais eficaz do que exigir. Agradecer o que gosta é muito mais encorajador do que lamentar o que falta», recomenda. No entanto, a terapeuta alerta para a necessidade de se procurar um especialista «quando as discussões tendem cada vez mais para a crítica do outro, para o desprezo, o sarcasmo, a negação de responsabilidade dos erros e o silêncio entre o casal».
Texto: Fabiana Bravo com Astrid Werdnig-Pires (terapeuta familiar) e Catarina Mexia (psicóloga especializada em terapia do casal)
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