Os rituais são importantes, sobretudo no que toca aos mais novos, porque destacam o sentido de pertença e facilitam a sensação de estabilidade e conforto. Esta é a opinião de Julie Linker, professora no departamento de Psiquiatria da Virginia Commonwealth University e terapeuta de adolescentes e famílias no Centro de Tratamento para Crianças do mesmo estado dos EUA.
Especialista no tratamento de depressão e ansiedade, Linker acredita que os jantares conjuntos são um ritual valioso para compreender a família. “Se não conseguir concretizá-los todas as noites, é compreensível; mas se for capaz de transformar o jantar de família numa prioridade algumas noites por semana, isso fará uma grande diferença”.
Além da questão da alimentação, estas reuniões promovem experiências de aprendizagem. “Para os pais, é o momento para entender o que se passa na cabeça dos filhos. Descobrimos sempre algo de novo quando falamos, e a mesa de jantar é um lugar propício à conversa”, defende Julie Linker. “Quanto mais jantarem em família, mais os seus filhos se habituarão a falar do que se passa nas suas vidas”, prossegue a especialista num artigo para a Psychology Today.
O ritual serve igualmente para ajudar as crianças a crescer porque permite trabalhar habilidades sociais e boas maneiras. “Não é fácil nem natural para a maioria das crianças ficarem quietas durante muito tempo. O jantar em família permite que pratiquem essa habilidade, num lugar onde se sentem seguras”, diz a especialista.
Também ajuda os pais a atribuírem mais responsabilidades e tarefas domésticas aos filhos. “Até as crianças mais pequenas podem dobrar guardanapos ou levar os pratos para a cozinha. À medida que crescem, conseguem ajudar em tarefas mais qualificadas”.
Linker deixa algumas sugestões para ajudar os pais a aproveitarem ao máximo estes momentos com a família:
- Adapte os jantares à faixa etária das crianças. Se tiver bebés, eles podem não conseguir manter-se quietos durante toda a refeição. Já os adolescentes podem estar pressionados pelo tempo devido a testes ou trabalhos curriculares.
- Trabalhe sempre o lado positivo. O objetivo é que o jantar em família seja uma experiência agradável. Embora, de vez em quando, tenha de corrigir as maneiras das crianças à mesa, tente promover conversas interessantes e que sabe que as podem cativar.
- Desligue tudo. O jantar em família é para estarem juntos - e presentes. Desligue a televisão e o telemóvel. É muito importante que os adultos deem o exemplo.
- Faça perguntas específicas e depois deixe a conversa fluir. Não é necessário trabalhar assuntos pré-definidos. Mas se nota que todos estão calados demais, tente fazer perguntas do género “com quem falaste hoje na escola?” ou “que tema foi discutido na aula de filosofia?”. Outra boa ideia é usar a estratégia do “alto e baixo” – todos vão partilhando o melhor e o mais difícil momento do dia.
- Convide os amigos deles. Todas as crianças gostam de passar mais tempo com os amigos. Incluí-los num jantar da família permite-lhe conhecer melhor as pessoas que passam mais tempo com os seus filhos. Também pode perceber o que se passa efetivamente na vida deles, sobretudo se forem adolescentes.
- Não se preocupe com incentivos. Se definir o jantar em família como nova rotina, comece por escolher o prato preferido dos seus filhos e sirva-o. E é uma boa ideia reforçar a aceitação deles. Depois relaxe – promovendo esse ritual estão a dar várias recompensas aos mais novos: comida e interação familiar.
- Estude alternativas. Se não puder jantar em família, experimente fazer o mesmo ao pequeno-almoço ou invente um serão de jogos. Também pode deixar que um membro da família escolha o que fazer num dos dias do fim-de-semana. O principal objetivo é passarem tempo juntos, interagindo e divertindo-se.
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