A lei que proíbe fumar em espaços públicos em Portugal ajudou a baixar em dois por cento o número de fumadores em Portugal, mas o número de adolescentes e jovens portuguesas a fumar está a aumentar, revelou a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), avança a agência Lusa.

 

Em declarações à Lusa no âmbito do 24.º Congresso de Pneumologia, que arranca esta sexta-feira no Algarve, Carlos Cordeiro, presidente da SPP, disse que a legislação, que entrou em vigor em 1 de janeiro de 2008, veio diminuir a percentagem de fumadores em Portugal, registando-se um decréscimo na ordem dos «dois por cento da população» que deixou de fumar.

 

«A legislação sobre restrição de fumar em espaços públicos veio diminuir, sobretudo, a exposição passiva ao fumo do tabaco, com um abaixamento na ordem dos 25 por cento», acrescentou aquele especialista.

 

A diminuição da carga tabágica dos fumadores diminuiu, porque as «pessoas não podem fumar permanentemente e em todo o lado (...) e, portanto, os que fumam também fumam menos», concretizou Carlos Cordeiro.

 

Apesar da diminuição de alguns fumadores em Portugal e de o país ter 21 por cento da população a fumar, enquanto a média europeia é de 28 por cento – com a vizinha Espanha e a Grécia a ronda os 40 por cento da população –, a verdade é que as mulheres jovens em Portugal cada vez fumam mais.

 

«Tem havido um aumento do hábito tabágico na população jovem feminina», alertou o médico pneumologista, explicando que as adolescentes e as mulheres jovens têm, de facto, tendência para fumar mais do que fumavam», continuou o presidente da SPP.

 

«O fenómeno da emancipação feminina que está a levar as mulheres a começarem a fumar mais cedo vai aumentar a mortalidade da doença pulmonar obstrutiva crónica" (DPOC), que vai aparecer cada vez mais cedo», explica Carlos Cordeiro.

 

A DPOC é uma doença inflamatória das vias aéreas que leva a uma insuficiência respiratória e que provoca a morte, seja por doenças cardíacas, seja com tumor no pulmão.

 

Antigamente, a doença pulmonar obstrutiva crónica era uma doença do idoso, mas hoje começa a aparecer aos 40 anos e «temos de estar atentos aos sinais de queixas respiratórias nos fumadores logo a partir de 40 anos», porque deve-se «começar o mais cedo possível a tratar a doença que é evolutiva e incapacitante», disse o médico.

 

O 24.º Congresso de Pneumologia, que conta com a presença de cerca de 700 especialistas nacionais e internacionais, tem como tema os Novos caminhos para a Pneumologia em Portugal. O encontro, que decorre em Albufeira entre sexta-feira e domingo, vai discutir a saúde respiratória nacional e abordar temas como a asma brônquica, a doença pulmonar obstrutiva crónica e o cancro do pulmão.

 

 

Maria João Pratt

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