Apesar de todas as informações disponíveis sobre a importância de cumprir o calendário de vacinação e das consequências graves que a recusa da vacina pode trazer, parece que nem todos os pais estão convencidos da importância extrema de imunizar os filhos contra determinadas doenças.

Um estudo intitulado "Vaccine Delays, Refusals, and Patient Dismissals: A Survey of Pediatricians" acaba de ser publicado na revista Pediatrics e constata que cada vez mais se pais recusam a dar vacinas aos seus filhos, comparativamente há 10 anos atrás.

Para este estudo, os investigadores analisaram cerca de 629 inquéritos realizados a pediatras entre os anos de 2006 e 2013. Os membros da Academia Americana de Pediatria descobriram que 87% dos pais se tinham recusado a dar vacinas aos seus filhos em 2013, em comparação com os 75% em 2006. Há pais que, por um lado, não querem sobrecarregar o sistema imunitário da criança com a quantidade de vacinas existentes, mas por outro lado, há pais que simplesmente acreditam que as vacinas são desnecessárias. Aliás, considerar que as vacinas não eram precisas foi a razão invocada por 10% dos pais inquiridos.

A notícia de que as vacinas poderiam causar autismo levaram à recusa de 74% dos pais em 2006, enquanto que em 2013 esse medo baixou para 64%.

Outro dos dados apurados nesta investigação, é que a vacina contra o papiloma vírus humano (HPV), introduzida em 2006, é a que tem as taxas de aceitação mais reduzidas em relação a outras vacinas recomendadas há mais tempo. Este facto sugere que os médicos precisam de educar melhor as famílias sobre a sua eficácia assim como incentivá-los a fazer o esquema de vacinação completo.

O estudo também demonstrou que cada vez mais pediatras se recusam a atender pais que não querem dar vacinas aos filhos.

A autora do estudo Catherine Hough-Telford, médica, chama a atenção para o facto de esta nova investigação indicar que a memória coletiva das pessoas sobre doenças imunopreveníveis pode estar a desaparecer. "Apenas algumas gerações atrás, doenças como sarampo, tosse convulsa e poliomielite causavam doença generalizada e mortalidade em bebés e crianças. As vacinas são cruciais para a saúde das nossas crianças e da sociedade. As vacinas protegem não só pacientes individuais, como pacientes que não as podem tomar ou ter acesso a elas, como por exemplo, doentes de cancro, mulheres grávidas e recém-nascidos", conclui.