“Se virmos bem, o que o nosso projeto veio trazer foram dados que indicam que não foram apenas alguns portugueses, mas centenas de portugueses que foram envolvidos no turbilhão da guerra: quer no trabalho forçado, quer como prisioneiros de guerra, quer no próprio sistema concentracionário e isso ainda não tinha sido trazido para a ribalta pela investigação historiográfica”, disse à agência Lusa Cláudia Ninhos.

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A historiadora faz parte da equipa internacional do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, coordenada por Fernando Rosas, que investigou a existência de centenas de vítimas portuguesas do regime nazi durante a II Guerra Mundial.

Em virtude da investigação, o Estado português através do ministro dos Negócios Estrangeiros, descerrou, em maio de 2017, no antigo campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, uma placa em homenagem aos portugueses que foram vítimas da perseguição nazi.

“Os novos dados ainda não foram introduzidos nos manuais, mas espero que sejam. Uma ideia que era muito desenvolvida pela Estado Novo era a imagem de um chefe de Estado (Salazar) que conseguiu salvar os portugueses dos horrores da guerra e a nossa investigação veio mostrar exatamente o contrário: houve portugueses envolvidos e o regime sabia”, sublinha.

Claudia Ninhos participa hoje em Lausanne na conferência sobre o ensino do Holocausto integrada nos trabalhos da International Holocaust Remembrance Alliance, que este ano decorrem na Suíça, um organismo de que Portugal faz parte como país observador.