“De madrugada fecharam a escola colocando uma corrente e um cadeado e a GNR foi chamada ao local de manhã para abrir os portões”, disse à agência Lusa Hugo Torrado, comandante do Destacamento da GNR de Torres Vedras, no distrito de Lisboa.

Cerca de duzentos alunos da escola do ensino básico do 2.º e 3.º ciclos concentraram-se de manhã em frente à escola e parte dos manifestantes ainda se encontrava no local pelas 10:40.

Já depois de os portões terem sido abertos, alunos e pais concentraram-se do lado de fora durante a manhã.

“Desde o 5º ano que sempre ouvi dizer que ia haver obras e agora voltaram a ser adiadas”, diz Rodrigo Franco, aluno do 9º ano.

Telhados em amianto e com infiltrações

Ao lado de João Nicolau, também do 9º ano, ambos explicam que estudam numa escola com telhados em amianto e com infiltrações, casas de banho, janelas e mobiliário degradados e salas de aulas que já foram fechadas ao chover.

Graças às infiltrações, “no inverno não se consegue fazer Educação Física no pavilhão, porque o piso fica molhado por causa da humidade e torna-se escorregadio”, sublinha Nelson Martins, do 8º ano.

Pelos mesmos motivos, Henrique Bento, do 7º ano, diz que “há salas onde chove lá dentro, têm rachas enormes e com tetos que estão em risco de cair”. Depois de algumas terem fechado por falta de segurança, “já aconteceu haver turmas a ter aulas na mesma sala por falta de espaço”, sublinha.

Os alunos deverão fazer greve às aulas na segunda-feira.

Vários pais juntaram-se do lado de fora à manifestação, como foi os casos de Dora Inácio e Ana Ramos, que estão “a lutar contra as más condições e contra o [alegado] adiamento das obras, por o dinheiro para as obras ter sido retido pelo Ministério das Finanças”.

Do lado de dentro dos portões, vários professores também ali se concentraram em solidariedade. Nenhum quis ser identificado, mas afirmam que as doenças respiratórias e de ossos aumentaram entre eles, devido à humidade das instalações.

Em dezembro, a Câmara de Torres Vedras e o Ministério da Educação celebraram um acordo, no âmbito do qual a tutela transferiria para a autarquia os três milhões de euros para as obras de requalificação e o município lançaria o concurso e assumiria a obra.

As obras “estão efetivamente em atraso. Falta os ministérios da Educação e das Finanças publicarem uma portaria de repartição dos encargos pelos anos de 2018 e 2019 e transferirem o montante para a câmara lançar concurso e iniciar as obras", afirmou hoje à agência Lusa Laura Rodrigues, vereadora da Educação.

Os três milhões de euros destinam-se à requalificação do espaço exterior e do edifício mais recente, à demolição das instalações mais antigas e à construção de novas no mesmo local, bem como de um novo pavilhão gimnodesportivo.

Nos últimos anos, os pais dos alunos e a direção do Agrupamento de Escolas São Gonçalo, onde está integrada, têm vindo a alertar o Ministério da Educação para as más condições existentes há 20 anos e a exigir uma intervenção na escola, com 40 anos, onde existem pavilhões pré-fabricados.

Desde, pelo menos, 2014 que a escola consta da lista das escolas prioritárias do Ministério da Educação a intervir.

O pavilhão mais antigo foi parcialmente encerrado em dezembro, tendo sido instalados contentores para colmatar a falta de oito salas de aula aí existentes.