Foi durante o percurso académico que Manuel Marques percebeu que o design gráfico não era a profissão que iria preencher por completo o seu coração. “Desde pequenino que já gostava muito de teatro”, recorda.
A adormecida vontade de ser ator despertou quando veio morar para Lisboa para aprofundar os estudos, e acabou por dar asas a esse desejo. Paralelamente ao curso de design, tirava formações na área da representação, com a ajuda dos pais. “A vontade de ser ator falou mais alto”, reconhece.
Hoje é um dos rostos mais conhecidos do entretenimento da RTP, estando já há largos anos ao lado de Herman José. E já foram muitas as figuras públicas que imitou na estação pública. Percurso que foi recordado e partilhado em conversa com o Fama ao Minuto, sem esquecer da família, o pilar da sua vida.
Acredita que as coisas acontecem com trabalho e não com sorte. “Não fico à espera de ter sorte, não fico à espera que as coisas aconteçam”, esta é uma citação sua… Como recorda o início desta caminhada no mundo da representação? Quais foram os maiores desafios com que se deparou?
Foi entrar no mercado de trabalho. Investi muito na formação. Não fui para o conservatório porque ao mesmo tempo queria acabar o curso na Belas-Artes. Mas depois, como estava a dar esta despesa extra aos meus pais, quis fazer alguma coisa profissional e comecei a ir a castings. Essa foi a parte mais complicada.
Ouvem-se muitos 'nãos' no início?
Sim! As portas fecham-se constantemente e não podemos desistir. Ainda foram três ou quatro anos até ter o primeiro trabalho profissional, até passar num casting para o meu primeiro anúncio em televisão. E depois, ao mesmo tempo, já estava a fazer teatro amador. Comecei a fazer na Guilherme Cossoul, fundei um grupo de teatro, tinha feito também o Chapitô, mas eram coisas amadoras. E senti necessidade de contribuir para pagar isto tudo… [risos]
Apareceram os primeiros anúncios, depois comecei a fazer dobragem de desenhos animados – isso foi uma coisa que eu adorei fazer -, até um dia em que faço um workshop maior com o António Pedro Vasconcelos, o Nicolau Breyner e a Patrícia Vasconcelos. Esse workshop teve uma audição muito complicada porque era para profissionais e eu consegui entrar. Uma das professoras deu o meu contacto para um casting no programa da Maria Rueff, na SIC. Cheio de medo, fui fazer o casting, fiquei para pequenos papéis e fui crescendo nessa primeira série. Gostaram imenso de mim e comecei a fazer cada vez mais papéis com mais relevância. Ia, entretanto, fazer parte do elenco principal da segunda série, mas depois esta foi cancelada. Estávamos a viver aquela fase muito complicada em televisão com o ‘Big Brother’, a SIC a ter de fazer frente à TVI que estava em crescimento… Passei depois o choque de passar seis, sete meses sem trabalho. Não tinha nada para fazer. Fazia uns anúncios de rádio...
Quando cheguei aos ensaios tinha lá escrito no alinhamento: apresentação da entrada do novo membro na equipa, Manuel Marques. Eu não sabia de nada e isto foi anunciado em direto. E entrei para o elenco do Herman
Foi o primeiro choque face à realidade da profissão?
Sim. Ter de pedir outra vez ajuda aos meus pais… Foi um choque grande. Até que o Nuno Lopes - que é muito meu amigo e estava a trabalhar com o Herman José – disse-me para ir assistir ao ‘Herman SIC’, que era gravado em direto ao domingo. No intervalo, o Herman veio falar comigo e disse-me se eu estava interessado em fazer um especial do programa. Aceitei logo, fiz esse especial e achava que iria ficar por ali, que não iria fazer mais nada com o Herman, que era o meu sonho. Mas depois o Nuno Lopes convidou-me outra vez para ir ao programa e quando cheguei aos ensaios tinha lá escrito no alinhamento: apresentação da entrada do novo membro na equipa, Manuel Marques. Eu não sabia de nada e isto foi anunciado em direto. E entrei para o elenco do Herman.
Onde continua até aos dias de hoje… O que mais aprendeu com o apresentador e comediante?
Tudo! Em comédia aprendi tudo! O Herman é um mestre!
O que é que ele simboliza para si?
É o maior comediante português, um grande comunicador… É uma das figuras máximas do nosso país. Foi quem mudou o humor nacional e é o meu mestre.
Na altura também estava no auge a Parrachita [Maria Vieira], que hoje está afastada dos ecrãs nacionais… Como é o seu contacto com a atriz?
Dei-me muito bem com a Maria Vieira e tenho um grande carinho por ela.
No caso do Quintino até foi uma surpresa para nós porque o Goucha e a Cristina (na altura ainda estavam juntos na TVI) brincavam com a situação e houve uma altura em que, do nada, esse senhor disse que não gostava
De todos os artistas com quem se cruzou, com quem é que mais aprendeu?
O Herman, sem dúvida. Não tive contacto com eles, mas os Monty Python são uma referência, e os dois mais importantes para mim são o Woody Allen e o Peter Sellers.
Os seus trabalhos são maioritariamente de imitações de várias personalidades, e por vezes há pessoas que não gostam de ver os outros a imitá-las, recordo por exemplo a reação de Quintino Aires… Recebem muitas críticas?
Não, não. É muito raro. No caso do Quintino até foi uma surpresa para nós porque o Goucha e a Cristina (na altura ainda estavam juntos na TVI) brincavam com a situação e houve uma altura em que, do nada, esse senhor disse que não gostava. Está no seu direito. Toda a gente está no seu direito de dizer que não gosta, mas é muito raro acontecer.
Por norma ‘alinham’ na brincadeira?
Sim, sempre. É complicado a pessoa sentir-se imitada. Tenho quase a certeza de que alguns visados não gostam tanto, mas depois vão-nos dizer que adoraram.
Como é o seu processo de criação de uma personagem?
É moroso. Ainda me lembro, nos primeiros anos no ‘Herman SIC’ ou no programa da Maria Rueff de ser complicado imitar alguém porque não tínhamos a ferramenta do YouTube, como temos hoje em dia. Tínhamos de requisitar cassetes de vídeo... Era mesmo muito complicado. O Peter Sellers dizia que as personagens que fazia primeiro construía a voz da personagem e depois ia pela fisicalidade, e eu faço igual.
Acho que se pode brincar com o racismo, com os movimentos do ‘MeToo’, com a morte… Pode-se brincar com tudo porque está na ordem do dia, e o que está na ordem do dia é passível de ser satirizado. Mas é preciso saber fazê-lo
E qual a maior dificuldade em conseguir imitar a outra pessoa… Quando são pessoas mais próximas acaba por ser mais díficil?
Eu não sou capaz de imitar a minha irmã [a apresentadora Ana Marques]. É uma convivência desde que nasci. Acho que nós devemos ser tão parecidos na maneira de falar que é difícil para mim fazer aquele papel, não sei porquê. E, no entanto, imitava todas as pessoas da família. As minhas primeiras imitações foram o meu avô, o meu pai, o meu tio…
Quando é que uma paródia deixa de ter piada?
Às vezes por desgaste. A piada pode ser feita de maneira diferente, mas já foi feita tantas vezes… E às vezes por essa fronteira do humor, pelo mau gosto. Mas eu parto do princípio de que se pode brincar com tudo e é só uma piada. Vi há pouco tempo um dos espetáculos do Ricky Gervais e ele disse: “Vamos todos morrer um dia, é só uma piada”. Eu acho que se pode brincar com o racismo, os movimentos do ‘MeToo’, com a morte… Pode-se brincar com tudo porque está na ordem do dia, e o que está na ordem do dia é passível de ser satirizado. Mas é preciso saber fazê-lo.
É porque quando se está a brincar não se está a ofender, não há essa intenção?
Sim. Eu encaro como desdramatizar, é uma forma de exorcizar o problema.
O António Feio é dos melhores exemplos que pode existir de sátira da sua própria situação. É um exemplo extraordinário. E foi também um dos meus mestres
Encarar a vida com um sorriso?
Sim! Lembro-me, por exemplo, do António Feio - que estava a lutar contra um cancro e sabia - brincar muito [com a sua condição de saúde]. Fizemos uns sketches n‘Os Contemporâneos’ sobre isso… Para mim é o melhor exemplo de se poder brincar com o seu próprio drama. O António Feio é dos melhores exemplos que pode existir de sátira da sua própria situação. É um exemplo extraordinário. E foi também um dos meus mestres.
Sente que este trabalho humorístico acaba por ser um bocadinho ingrato por ter de estar sempre bem disposto, mesmo nos momentos difíceis?
Não, o humorista não está sempre bem disposto. Tenho os meus fantasmas, os meus momentos maus. O Charlie Chaplin, por exemplo, era uma figura tremendamente atormentada.
Quando digo isto estou a referir-me ao facto de quando está em televisão ter de estar sempre num registo bem disposto, animado, mesmo que por dentro não esteja a acompanhar esse estado de espírito…
Sim, às vezes tenho os meus problemas e vou gravar, mas a partir do momento em que dizem ‘ação’, isso tem de ficar fora do estúdio.
E como é que consegue gerir isso?
Já é o mecanismo. Os atores têm esses mecanismos, até com a doença. Vi, por exemplo, o Paulo Autran no teatro Teatro São Luiz. Eu estava a fazer uma peça que era ‘Manobras de Diversão’, numa outra sala, e fomos para os bastidores do palco ver o Paulo Autran, que estava a fazer uma peça com o filho. Ele já estava muito velhinho, corcunda, e assim que a assistente de cena lhe diz para entrar, ele entra direitíssimo, com uma força impressionante…
Estando maioritariamente no mesmo registo nas séries de comédia que faz para a RTP, qual o projeto que gostaria de abraçar mas que ainda não lhe foi dada essa oportunidade?
Gostava de abraçar um papel mais sério. Já o fiz, mas gostava de fazer mais.
Acredito que seja muito complicado nos dias que correm, no que a televisão é hoje em dia, continuar a fazer serviço público de qualidade como a RTP
Sente que acaba por não ter essa oportunidade por terem criado o ‘rótulo’ de humorista?
Sim, pode ser por aí, mas há pessoas, realizadores, que já me desafiaram. Por exemplo, o Leonel Vieira já me desafiou para um papel sério, bastante dramático, e correu muito bem. As pessoas vieram-me dar os parabéns porque não estava ali o Manuel Marques cómico. E gostava de ter mais desafios desse género. Há quem diga que os atores de comédia depois ainda são melhores a fazer papéis [dramáticos], temos o Jim Carrey, por exemplo...
Há quem critique a RTP pelas escolhas de programação que faz. Como vê o papel da estação pública?
Tenho sempre um enorme respeito pela RTP por ser o canal público e por fazer serviço público. Acredito que seja muito complicado nos dias que correm, no que a televisão é hoje em dia, continuar a fazer serviço público de qualidade como a RTP continua a fazer, fechando os olhos a uma possível concorrência e traçar o seu próprio caminho no meio de um panorama televisivo muito complicado.
Com muitas ‘guerras’?
Com muitas guerras de audiências. Acho que a RTP é a nossa BBC, e tem essa qualidade.
Lançou no ano passado um projeto que divide com a Ana, 'Cottoncity’, que consiste na venda de t-shirts que contam uma história…
Sim, nós temos um país tão pequeno, mas tão rico de histórias, paisagens e arquitetura que quisemos transpor tudo isso numa t-shirt sem que fosse uma coisa óbvia. Nós gostamos muito de viajar e trazemos sempre uma peça do sítio que visitamos, mas que não seja aquela peça turística que diga: eu estive aqui. Uma peça que ninguém perceba que é de lá, mas que nós saibamos que trouxemos desse sítio. E as nossas t-shirts são isso mesmo. Sem ser óbvio, contamos a história de uma lenda, de uma arquitetura… Na etiqueta está descrita a história, e esta pode também servir depois como marcador de livro.
O problema é ter tempo para a família, mas quem gere tudo é a minha mulher. A Ana gere a minha agenda, os meus cachets, os contratos…
Este projeto já tinha sido pensado há muito tempo?
Demoramos dois anos a colocá-lo de pé. Nós não sabíamos nada sobre a indústria de têxtil, sabíamos que em Portugal é uma das melhores do mundo, tivemos de fazer vários contactos, contratar designer… Demorámos algum tempo, mas agora estamos muito orgulhosos e está a correr muito bem.
Com este projeto, o programa com Herman José, os espetáculos com Eduardo Madeira, a rádio Portugalex, a ‘Patrulha da Noite'… como é que consegue fazer tanta coisa ao mesmo tempo?
Já estou muito habituado. O problema é ter tempo para a família, mas quem gere tudo é a minha mulher. A Ana gere a minha agenda, os meus cachets, os contratos… Se não tivesse a Ana a fazer este trabalho não conseguia dar conta do recado.
Casados há mais de um década, qual o segredo para um casamento duradouro e feliz?
Nós somos grandes companheiros, muito amigos, temos uma gestão familiar bem organizada, somos capazes de tirar tempo para nós. Às vezes é complicado, temos duas filhas, mas conseguimos arranjar tempo para nós. Procuramos ter o nosso espaço e isso tem funcionado bem. Claro que temos problemas como todos os casais, mas temos sabido ultrapassá-los sempre. E hoje em dia estamos muito felizes e temos uma ótima relação.
O meu avô terá sido a minha maior inspiração de percurso. Teve uma parte dois da vida maravilhosa porque não baixou os braços. Foi incrível e viveu até ao fim com muita qualidade de vida
Sendo irmão de uma figura também muito conhecida na televisão, como é que gerem essa relação de irmãos sendo ao mesmo tempo muito mediáticos? Como é que a família também lida com isso?
Bem! A minha irmã começou muitos anos antes, em 92, e eu comecei em 98/2000. Tanto eu como a minha família já estávamos muito habituados, é tudo perfeitamente normal. As minhas filhas então, não conhecem outra realidade, acham perfeitamente normal. E é normal, é uma profissão como todas as outras. A minha filha mais pequena [Elisa], e a Inês quando era mais pequena achava que todos os pais faziam isto.
E alguma delas tem o lado humorístico do pai?
A mais nova. A mais velha herdou o meu lado do desenho, mas artes plásticas, e já está mais avançada que eu quando era da idade dela. Ela vai longe, temos ali um génio. Ela vai fazer 13 anos. A mais nova é palhacinha. É muito expressiva, reconheço ali algumas coisas minhas quando era pequenino. Ou me engano muito ou ela [vai seguir a arte de representar].
A minha irmã [Ana Marques] tem sido uma sobrevivente
Recuando de novo à sua irmã, como é que vê o percurso de Ana Marques na televisão?
Tem sido uma sobrevivente. Vestiu sempre muito bem a camisola e teve muito amor à camisola SIC. Está lá deste o início, tem tido muitos altos e baixos, mas está lá. Tem o seu lugar e eu tenho um enorme respeito pelo trabalho dela. E hoje em dia também sabe fazer várias coisas e sabe ir a todas. É uma grande comunicadora. Se alguém estiver doente ela substitui e faz aquilo com uma grande elegância. Tenho-a como exemplo.
E qual é para si a sua maior inspiração?
A minha grande inspiração é a minha família porque ensinaram-me muito, ensinaram-me a viver, a lutar, a trabalhar. Também aprendo muito com a Ana [mulher] a ser organizado, por exemplo, [risos] e aprendo com as minhas filhas. Mas o meu avô terá sido a minha maior inspiração de percurso, de vida. Ele era cabo da GNR e aos 50 e tal anos reformou-se da GNR. Entretanto teve netos e era muito ativo. Ele só andava de mota e bicicleta e aos 50 e tal tirou a carta. Ganhava uma reforma miserável da GNR e aceitou o desafio de dedicar-se aos seguros, fez uma carteira tão grande que ganhou tanto dinheiro… Teve uma vida parte dois. Enriqueceu com os seguros, conseguiu comprar um apartamento no Algarve, conseguia mudar de carro várias vezes… Teve uma parte dois da vida maravilhosa porque não baixou os braços. Foi incrível e viveu até ao fim com muita qualidade de vida.
Nunca me vou sentir realizado. Primeiro nunca vou sentir que já aprendi tudo, estou sempre a aprender, seja com os mais velhos ou com os mais novos. E depois há muitas coisas que gostaria de fazer, e algumas se calhar já não vou a tempo
De todas as personagens que imitou até hoje, qual a que lhe deu um gozo especial?
Há várias, há pessoas que gosto de imitar porque gosto muito delas e porque são referências. O Sérgio Godinho porque é um autor, cantor que eu adoro. E outro porque foi meu professor e é um dos maiores cineastas portugueses que é o António Pedro Vasconcelos.
Sente que fez tudo o que queria, sente-se completamente realizado nesta profissão?
Não! Nunca me vou sentir realizado. Primeiro nunca vou sentir que já aprendi tudo, estou sempre a aprender, seja com os mais velhos ou com os mais novos. E depois há muitas coisas que gostaria de fazer, e algumas se calhar já não vou a tempo de as fazer, como trabalhar em Hollywood. Tive uma pequena experiência de fazer uma curta em Los Angeles, que depois não chegou a seguir. Mas fiz e deu-me muito gozo estar com atores de lá e, sobretudo, eram estudantes de cursos de representação. Estive um mês em Los Angeles e aprendi imenso. Pode ser que um dia ainda possa fazer, mas já é uma hipótese remota. Gostava de fazer mais cinema, uma grande peça de teatro como por exemplo um Shakespeare...
Podes ter talento, mas se não trabalhares nada cai do céu. E eu procuro ensinar também isso às minhas filhas É preocupado com a imagem?
Não demasiado, mas preocupo-me. Houve uma altura em que estava a perder muito cabelo e tive uma clínica que me desafiou a fazer implantes capilares e eu aceitei. Tive a sorte de eles pegarem no meu caso, mas seria uma coisa que eu iria fazer.
O envelhecimento assusta-o?
Não, nada. Preocupo-me mais com a saúde do que com o aspeto físico. Por isso procuro fazer ginásio para estar em forma, mas pela saúde também.
Que conselho deixaria ao Manuel Marques há 20 anos?
Houve um conselho que falei muitas vezes comigo e já consegui segui-lo. Eu fumava muito e consegui deixar de fumar. De resto não sei...
Fazia tudo de igual forma?
Sim, não me arrependo de nada do que fiz no meu percurso.
E o que vai tentar dizer sempre a si próprio?
Que não desista. Com trabalho, dedicação e sobretudo acreditar, tudo se consegue. Basta lutar muito pelas coisas, e isso ensinaram-me os meus pais. Podes ter talento, mas se não trabalhares nada cai do céu. E eu procuro ensinar também isso às minhas filhas.
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