Tudo começou em 28 de dezembro de 2009, no programa “5 para a meia-noite”, que então era exibido na RTP2.

Nessa emissão, conduzida por Filomena Cautela, Manuel Luís Goucha, que poucas semanas antes assumira publicamente a sua homossexualidade, foi eleito “a apresentadora do ano”, numa lista que continha o seu nome e mais duas hipóteses – Cláudia Vieira e Carolina Patrocínio.

Considerando-se “achincalhado” pelos autores desta “graçola labrega e gratuita”, o apresentador da TVI pôs o programa em tribunal.

Muitos meses depois, uma juíza decidiu a causa em prejuízo de Goucha. Além de ter absolvido os arguidos, a magistrada fez certas considerações na sentença que levaram o apresentador a mover um processo contra o Estado português – queixa que já deu entrada no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

Entre outras observações, Manuel Luís Goucha não aceita que a juíza
tenha dito que ele se “põe a jeito de piadas”, nomeadamente por ter “atitudes e roupas coloridas, próprias do universo feminino”.

Para Goucha, tais considerandos constituem “um insulto” à sua dignidade e pergunta em dado passo de uma entrevista que concedeu à revista VIP: “Onde está escrito que o amarelo, o rosa ou o roxo são de mulher? O que é isto? Idade Média? Mundo das trevas?...”

E o apresentador sublinha, ainda: “É uma queixa contra a Justiça portuguesa. (…) A minha sexualidade é um pormenor de minha vida privada e íntima, não fez com que mudasse de género. (…) Nunca sofri de preconceito e não deixo que ninguém me ataque e menospreze. (…) Até posso perder (o processo), mas tenho direito a mostrar a minha indignação perante este tipo de justiça, que é preconceituosa.”