Manuel Luís Goucha foi convidado para falar no auditório do Hospital da Luz sobre a forma como o tema relacionado com os cuidados paliativos é tratado pelos media. A experiência foi relatada pelo apresentador.

Para Manuel ainda existe um certo medo, na forma como o tema é tratado pelos meios de comunicação e como é encarado pelas pessoas.

"Há como que um preconceito instalado que repele o assunto por inevitavelmente o associarmos à morte, quando é de Vida que estamos a falar. Há caminhos de Vida na Morte, que devem ser percorridos com dignidade e sem sofrimento. Podemos estar a falar de dias, mas também de meses e até de anos em que o paciente e o seu entorno têm o direito a cuidados qualificados e evolutivos que respondam às suas necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais. Por isso quando falamos de unidades de cuidados paliativos não estamos a falar de uma cama numa qualquer chafarica (por exemplo, lares que, enganosamente, os propagandeiam em feéricos néons) mas de unidades pensadas e criadas com critério e grande exigência, servidas por equipas multidisciplinares", refere no seu blogue 'Cabaré do Goucha'.

O apresentador pretendeu também acabar com um estigma que prevalece quanto a estes doentes.

"Não, não se pense que cuidados paliativos é apenas para gente rica, qualquer doente tem de saber que eles existem e que a eles tem direito, independentemente da sua condição social e da sua conta bancária. Mas para tal é indispensável a informação. Uma sociedade informada é uma sociedade livre e por isso capaz de reivindicar e de exigir. A televisão deveria assumir-se como protagonista nessa função e não importa se pública ou privada, se bem que esta última se rega, e compreensivamente, por outra lógica: a das audiências", escreve.

"É curioso que exista o preconceito em relação à abordagem da morte, face inseparável da nossa existência, através de um caminho de qualidade de vida, sem a inutilidade do sofrimento, que é isso que são os cuidados paliativos e não exista preconceito ou pudor idênticos quando a morte dos outros, cruel e ensanguentada nos é servida, de segunda a sexta, à hora do almoço nas ditas 'crónicas criminais' e contra mim falo", termina.