A poucos quilómetros de Fornos de Algodres, município beirão localizado no sopé da Serra da Estrela, na aldeia de Casal Vasco, encontramos o Solar dos Cáceres. Uma unidade de turismo rural que nasceu da perfeita simbiose entre a tradição e a modernidade. O edifício, que data do século XV, foi recuperado e modernizado em 2013, conservando, no entanto, toda a sua estrutura e arquitetura rústica.
Esta unidade hoteleira, com uma área envolvente de 1,5 hectares de plantas, árvores e arbustos de diversas espécies, é constituída por um bloco principal, o solar, uma casa senhorial mandada construir pelo fidalgo Luís de Cáceres em 1481, contígua à capela de Nossa Senhora da Encarnação, que é hoje um imóvel classificado, que foi complementado com um módulo moderno.
O que o hotel oferece
A decoração é moderna, requintada e sóbria, mas todo o espaço é extremamente acolhedor. O solar integra apenas quartos duplos equipados com minibar, secador de cabelo, produtos de higiene pessoal, televisão, ar condicionado, acesso gratuito à internet, roupões e chinelos.
Possui, ainda, um bar, uma piscina exterior e um jacuzzi e desenvolve uma série de atividades desportivas e de lazer consoante as diferentes épocas do ano.
Há passeios pedestres que incluem visitas ao património edificado e paisagístico da região e passeios de bicicleta para que os hóspedes possam tirar o maior partido do ambiente rural e verdejante que os rodeia.
São, também, disponibilizadas raquetes e bolas de ténis para os fãs da modalidade que a podem praticar num campo localizado a apenas 100 metros do solar, onde também existe um parque infantil.
A possibilidade de fazer um brunch fora de horas
A localização não poderia ser melhor. A apenas 25 minutos das cidades de Viseu e da Guarda e a cerca de 20 minutos do Parque Natural da Serra da Estrela, o ambiente rural, os perfumes campestres e o silêncio envolvente convidam-nos a ficar e a desfrutar do hotel. A grande aposta deste boutique hotel, para colmatar a falta de um restaurante que sirva refeições, passa por um brunch regional.
Uma proposta gastronómica que difere das congéneres pelas horas a que é servido. Uma espécie de lanche ajantarado que tem início por volta das 18h00 e no qual se pode provar o melhor que a região tem para oferecer. Muitos já o consideram uma (muito boa) alternativa à pouca oferta de restauração de qualidade no concelho. A ementa é vastíssima e varia consoante a época do ano.
Tem, no entanto, a desvantagem de ser apenas servido ao fim de semana e apenas aos hóspedes do hotel. Batatas albardadas, cebolas com mel, requeijão com coentros, pão com tomate e anchovas, alheira de urtiga, broa de queijo e nozes, broa de alho e coentros, broa de bacalhau, pão da Beira Alta com chouriço, arroz doce e leite-creme são algumas das (muitas) iguarias que pode (e deve) degustar.
O que há para fazer e para provar nos arredores do hotel
Viajar pelo interior centro do país e deambular pelas dezenas de aldeias e vilas que se nos apresentam, como fizemos nesta viagem, é como voltar atrás no tempo e criar laços com a história e as narrativas que estes lugares escondem. Perfeita para os amantes da natureza e para os que anseiam por uns dias de pleno descanso, esta região é ideal para ser desfrutada numas miniférias ou em fins de semana prolongados.
A gastronomia soberba e a hospitalidade das gentes, orgulhosas na partilha dos seus tesouros, faz com que seja uma viagem a repetir. No restaurante Quinta das Courelas, um dos estabelecimentos de restauração mais procurados do município, que também visitámos, Paulo Menano, gerente e cozinheiro, tenta recriar os pratos que viu a mãe e a avó fazerem, "Nunca ficam iguais", lamenta, contudo.
Mas, na verdade, o cabrito assado no forno a lenha com batatas e grelos é de comer e chorar por mais. As febras, servidas na telha com um molho cuja receita faz questão de manter secreta, fazem as delícias dos visitantes e dos turistas, assim como a deliciosa sopa de castanha e couve. Nesta casa, a aposta é, essencialmente, feita nos produtos do concelho, privilegiando os dos pequenos produtores.
Já o bacalhau assado na brasa com feijão vermelho e o polvo frito com arroz de feijão e couve são as especialidades mais procuradas no restaurante Unidos, no centro da vila, gerido por João Agostinho. Mas o leite-creme, feito com leite de ovelha e ovos caseiros, outro dos seus ex-libris, também não se lhes fica nada atrás. Entre um restaurante e outro, aproveite para deambular pelas ruas desta vila beirã.
No regresso a casa, para matarem saudades dos bons sabores desta terra, os amantes da boa gastronomia podem fazer-se acompanhar dos enchidos do Fumeiro D’Amaral, no Mercado de Fornos de Algodres. Fernanda Amaral Silva recebe cada cliente com um sorriso rasgado enquanto fala da sua chouriça de carne premiada com a medalha de prata na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, em 2016.
Mas aqui também pode encontrar farinheiras, alheiras de urtiga, paio do lombo, chouriças de cebola e morcelas. Se é apreciador de queijo, tem a possibilidade de adquirir um dos mais conhecidos queijos portugueses, o famoso queijo da Serra da Estrela, na Queijaria Artesanal do Elídio, na pitoresca aldeia de Juncais, outro dos pontos de passagem obrigatória.
Uma viagem a um tempo que já foi
Argumentos e motivos de interesse não faltam para visitar Fornos de Algodres. O património histórico da região, milénios de história materializada em monumentos, não podia ser mais rico. Logo à saída do hotel, em Casal Vasco, existem duas capelas visitáveis. A de Nossa Senhora da Encarnação, contígua à unidade hoteleira, foi edificada no século XV.
A capela de Nosso Senhor dos Loureiros foi construída cerca de 200 anos depois, no século XVII. Na freguesia de Queiriz, uma das zonas mais altas do concelho, a 700 metros de altitude, encontra-se a melhor vista panorâmica do município, a Fraga da Pena, um geomonumento da idade do bronze que data de entre 4000 e os 2.000 antes da atual era cristã que serviu de refúgio e de defesa aos povos que lá viveram.
Na freguesia de Matança, outra das paragens a incluir no seu roteiro, fica a necrópole medieval de Forcadas. Com 22 sepulturas cavadas no granito, é uma das maiores no país. Foi criada entre o século V e o século XV e hoje é uma das atrações turísticas mais visitadas do concelho. Na mesma zona, encontra-se também o Dólmen de Matança, anta neolítica construída 8000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo.
Em Cortiçô, localidade que completa esta viagem, também se podem encontrar vestígios arquelógicos e mais um monumento megalítico, a Orca de Cortiçô, também apelidado de Dólmen da Casa da Orca, com uma câmara de planta poligonal, que comprova a riqueza patrimonial do concelho que compreende, ainda, pelourinhos, casas brasonadas, palácios e (outros) solares, a descobrir com tranquilidade.
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