A proposta da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) decorre dos resultados de um estudo que pretende incluir uma nova dimensão na constituição das listas de utentes.
“A proposta desenvolvida pela APMGF nos últimos dois anos define uma nova métrica para as listas de utentes dos médicos de família, métrica essa que classifica os contextos de exercício clínico em diferentes categorias de complexidade”, explica uma nota da associação.
Em entrevista à agência Lusa há cerca de um mês, Rui Nogueira, presidente da Associação, defendeu que o número atual de doentes por médico de família é “perfeitamente absurdo”.
O limite máximo é de 1.900 doentes por médico, na prática, esse limite é aplicado como norma. Este número, que era para ser transitório, foi uma condescendência dos sindicatos médicos na altura da crise económica, também porque havia falta de médicos de família.
Agora, até porque Portugal já não atravessa a escassez de médicos de medicina geral e familiar de há poucos anos, a Associação vai sugerir que se introduza uma nova dimensão na constituição de listas de utentes por médico de família.
“Propomos uma nova métrica. Até agora temos em conta o número de pessoas e a idade como parâmetros a avaliar a dimensão das listas, sendo que os mais idosos pesam mais do que as pessoas mais jovens. Propomos introduzir o contexto de exercício como parâmetro, ou seja, onde há ou não recursos de saúde”, adiantou Rui Nogueira a propósito da apresentação que hoje será feita aos jornalistas.
A Associação pretende criar seis categorias de municípios, tendo em conta a sua complexidade e a dificuldade de acesso da população a outros recursos de saúde ou assistenciais.
Nas unidades dos municípios mais complexos, com mais problemas de acesso, as listas de utentes por médico devem ser menores, no limite alcançando um mínimo de 800 doentes por profissional.
Em termos gerais, as listas terão de 800 a 1.800 doentes por médico.
A redução das listas de utentes por médico de família é uma das reivindicações dos dois sindicatos médicos e que esteve também na base da greve nacional que decorreu nos dias 10 e 11 de maio.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) quer regressar aos anteriores valores, de até 1.500 utentes por médico, propondo que vá havendo uma redução gradual de 50 utentes de cada vez.
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