O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, afirmou ser “absolutamente falacioso e demagógico falar em hospitais empresas em falência técnica”, sustentando ser uma situação que “deve ser devidamente explicada e dissecada”.
“O que nós, Ordem dos Médicos (OM), exigimos, porque é o Governo que tem esses dados, é que nos diga se os hospitais públicos são geridos bem, com rigor, honestidade e transparência ou não”, disse à agência Lusa José Manuel Silva à margem do I Congresso dos Serviços de Urgência dos Hospitais EPE (Entidades Públicas Empresariais), que decorreu, sexta e sábado, no Funchal.
Argumentou que “o único acionista dos hospitais é o Estado e quem paga aos hospitais é o Estado, pelo que se decidir pagar um pouco mais por cada ato praticado estes deixam de estar em falência, de decidir pagar um pouco menos todos os hospitais entram em falência”.
Para o bastonário da OM, “se os hospitais estão em falência, então é uma questão de financiamento ou não há uma gestão transparente, rigorosa, honesta e então substitua-se esses conselhos de administração”.
Defendeu ser necessário mudar a cultura de responsabilização em Portugal, sustentando que os políticos, governantes e decisores também deviam prestar contas pelas consequências das suas decisões.
“Achamos que não faz sentido nenhum falar em falência de hospitais empresa nas circunstâncias atuais. Nós queremos que conselhos de administração que estejam a gerir mal sejam destituídos, penalizados”, sustentou.
Segundo José Manuel Silva, “muitos hospitais estão em grandes dificuldades porque os subsistemas públicos de saúde não lhes pagam atempadamente, porque por força de erros da legislação têm grandes dificuldades em cobrar as despesas, por exemplo as seguradoras”.
Realça que Portugal “tem um excelente Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, cuja “sustentabilidade nunca poderá ser posta em causa, porque o que está verdadeiramente posto em causa é a sustentabilidade de Portugal”.
O responsável da OM diz que faz “críticas a algumas medidas que são tomadas no SNS porque podem pôr em causa o SNS, a quantidade de serviços disponibilizados aos cidadãos com qualidade, sem estarem a ser tomadas noutros setores da economia e que sejam adequadas à boa governação do país”.
Conclui que se está a “causticar a saúde, está-se a ir buscar à saúde dinheiro para tapar buracos noutros setores da economia e da governação do país, o que é insustentável”.
O ministro da Saúde, Paulo Macedo, afirmou na quarta-feira que os hospitais públicos têm um défice estimado de 300 milhões de euros em 2011, estando numa situação de falência técnica.
11 de setembro de 2011
Fonte: Lusa
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