João Paulo Almeida e Sousa falava aos jornalistas no final da apresentação da atividade de Doação e Transplantação de Órgãos, entre 2012 e 2017, segundo a qual se registou no ano passado o maior número de sempre de dadores falecidos (351), de dadores vivos (79) e de órgãos colhidos (1.011).

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Apesar destes resultados, o presidente do Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) considera que “ainda há caminho para percorrer”. “Há um potencial de doação nos nossos hospitais que importa aproveitar”, afirmou, sublinhando a importância da norma que veio determinar a obrigatoriedade de os hospitais terem normas de doação.

Segundo um despacho de junho do ano passado, “todos os hospitais com atividade de doação e colheita de órgãos e tecidos devem elaborar e implementar normas hospitalares de doação, de acordo com a matriz normativa definida” pelo IPST, “tendo em vista a identificação eficaz de possíveis e potenciais dadores”.

João Paulo Almeida e Sousa recordou a escassez de órgãos que existe não só em Portugal, mas a nível global e que resulta de “situações muito positivas”.

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Menos mortalidade, nomeadamente por Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), em virtude da prevenção, e uma diminuição da sinistralidade rodoviária foram algumas das situações que contribuem para a escassez de órgãos, apontadas pelo presidente do IPST.

“Queremos é que os hospitais tenham todas as ferramentas” que facilitem a logística e permitam “identificar todos os possíveis dadores”, adiantou. Estas normas estão agora a ser validadas pelo IPST e terão de estar a ser aplicadas até ao final do ano.

João Paulo Almeida e Sousa enalteceu ainda o alargamento dos programas de doação em paragem cardiocirculatória, que começou no Hospital de São João, no Porto, mas que atualmente também é aplicado em dois hospitais em Lisboa: Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) e Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC).

Na apresentação dos dados da doação e Transplantação o ministro da Saúde sublinhou o sucesso dos mesmos e considerou-os um exemplo de como “o Serviço Nacional de Saúde está bem e recomenda-se. Aliás, nunca esteve tão bem”, disse.

No final da sessão, Adalberto Campos Fernandes disse aos jornalistas que esta é uma “área estratégica” para o governo e que serão dados “todos os meios” para a prossecução do trabalho.

De acordo com o relatório da Coordenação Nacional da Transplantação sobre a atividade de doação e transplantação de órgãos entre 2012 e 2017, no ano passado foram colhidos 1.011 órgãos e realizados 895 transplantes.

Ao nível dos transplantes realizados em 2017, assinalou-se um aumento de 3,5% em relação ao ano anterior (864). Também os dadores aumentaram, atingindo os 351 em 2017, mais 14 do que no ano anterior.

A maioria dos dadores estava em morte cerebral (330), 79 eram dadores vivos, 21 encontravam-se em paragem cardiocirculatória e dez eram dadores sequenciais. A principal causa de morte dos dadores foi clínica (80%), seguindo-se a traumática (20%).

O maior número de dadores é oriundo do sul (137), seguido do norte (110) e do centro (104).

Em relação aos órgãos, o aumento foi de 8% em relação ao ano anterior, registando-se a colheita de 1.011 em 2017. A idade média do dador foi de 53,8% (55,1% em 2016).

Em dador vivo, registaram-se 77 doações de rins e dois de fígado.