À porta do Hospital de Braga, às 09.00 da manhã, o movimento era "o do costume" e, em conversa com a Lusa, alguns dos utentes mostraram-se surpreendidos com a greve dos clínicos.

"Greve, hoje? De certeza? Ninguém avisou de nada e a minha consulta já estava marcada há meses", questionou em forma de lamento Américo Silda, reformado, e que veio ao Hospital de Braga para uma consulta de pré-operatório.

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) marcaram para hoje uma jornada de greve em reivindicação pela redução de horas extraordinárias anuais obrigatórias, as chamadas horas de qualidade (durante a noite), a redução do trabalho de urgência (de 18 para 12 horas semanais) e redução da lista de utentes por médico de família (dos atuais 1.900 para 1.500).

"Bem, se é por isso, menos mal. Se fosse para pedirem mais dinheiro já não concordava", afirmou Ana Castro, 65 anos e que veio o Hospital de Braga para uma consulta de oftalmologia. "São as cataratas. Isto não se vai para nova", explicou.

Tanto Américo como Ana não sabem se vão ter consulta, mas fonte hospitalar disse à Lusa que o protesto dos clínicos "pouco se faz sentir" naquele hospital.

Já no Centro de Saúde do Carandá foram "muitos" os clínicos que aderiram à greve, deixando algumas das Unidades de Saúde Familiar que ali funcionam "sem nenhum médico ao serviço", como constatou Cláudia Silva.

"Tive que faltar ao trabalho para vir aqui a uma consulta, que já me foi remarcada duas vezes e vou embora sem a consulta. Isto causa-me muito transtorno. Até entendo que os médicos estão no seu direito mas devíamos ser avisados", lamentou.

A mesma sorte teve Deolinda Castro. "Deixam-nos aqui sem apoio. Isto hoje faz-me muita diferença, precisava de um atestado e por causa disto vou ficar com uma falta injustificada", referiu.

No Centro de Saúde do Caranda, uma das unidades de saúde teve uma adesão à greve de 100% e outra funcionou na totalidade, enquanto nas outras duas estão ao serviço um médico em seis.