Orador de uma palesta subordinada ao tema "O papel da Europa", o também membro da Agência Europeia de Energia Ucraniana entende dever a Europa "aproveitar o que, por vezes, são boas experiências locais de criação de energia".

"Não podemos pensar que a razão está sempre do nosso lado, a Europa está longe de saber tudo sobre as alterações climáticas", salientou o especialista que exemplificou "com a forte oposição dos ecologistas alemães quando o governo avançou para a instalação de torres eólicas".

E prosseguiu: "Foi um grande problema, também, ao nível social, porque por cada torre colocada num terreno agrícola tivemos de arranjar outro para que essa pessoa não perdesse o emprego", disse o também Diretor Geral de Governação Regional na Alemanha.

Conhecedor da situação ucraniana, "um país com uma realidade sociocultural diferente da germânica", Clev forneceu outro exemplo de como nem sempre os avanços tecnológicos "resultam em vantagens sociais". "Na Ucrânia, num prédio de construção pública, o consumo médio mensal de eletricidade é de 2,50 euros enquanto nos privados, com todos as comodidades, o custo pode atingir os 100 euros", explicou.

Medidas mais ousadas

Para evitar estas discrepâncias numa Europa "onde não há um plano global de energia", apesar de em 1890 o químico sueco Svante Arrhenius ter apresentado "o primeiro cálculo do aquecimento do planeta", o especialista alemão defendeu medidas ousadas e duradouras.

"No futuro teremos de ser capazes de desenvolver energia sem riscos, que seja barata, armazenável", disse de um plano que entende dever ser assumido pela União Europeia "concentrando os fundos para a investigação". E advertiu: "Há que pensar o longo prazo e alterar, por exemplo, a regulamentação que impede o cidadão de produzir eletricidade na sua habitação. Não faz sentido que assim não seja, é estúpido!".

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Apelando a um outro exemplo alemão, lembrou que o seu país "em face do excesso de energia produzida que ninguém quis comprar, se viu obrigado a oferecê-la à Holanda". "O resultado disso foi que o preço da eletricidade na Alemanha duplicou e na Holanda reduziu 10 cêntimos", comparou.

Frisando que as alterações climáticas "são apenas um dos efeitos da política energética", apontou "a energia nuclear, os resíduos nucleares, a destruição das florestas e a perda da biodiversidade para terrenos agrícolas como outros fatores a ter em conta num processo nada fácil de gerir".

Na abertura do evento, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues apontou no mesmo sentido de Clev quando afirmou "ser possível falar de sustentabilidade, de ambiente e continuar a gostar das pessoas e contra os radicalismos na defesa do ambiente". "Todas as pessoas fazem parte do ecossistema", salientou o autarca.

Da Religião à Moda, passando pelas Instalações Nucleares, Energia, Hidrografia ou Cidades Sustentáveis, são mais de 20 personalidades de vários pontos do mundo que participam em painéis de debate que terão lugar no fórum em Vila Nova de Gaia, em locais tão distintos como a Capela Convento Corpus Christi ou o Armazém 22.