Maya Merhi nasceu sem pernas, devido a uma má-formação congénita herdada do pai. As fotos da criança num acampamento de refugiados na Síria correram o mundo em junho, num contexto de conflito devastador nesse país.
Nas imagens, também divulgadas pela Agência France-Presse, via-se a pequena a andar praticamente rente ao chão, com a ajuda de próteses feitas pelos pais com latas de conserva e tubos de plástico.
Devido ao desgaste, substituía as latas uma vez por semana, e o plástico, uma vez por mês.
O efeito provocado pelas imagens levou o Crescente Vermelho turco a levar Maya e o pai para Istambul, onde um médico ortoprotésico que tinha visto um vídeo nas redes sociais assumiu o custo das próteses.
Depois de cinco meses na Turquia para receber cuidados médicos e aprender a usar as próteses, Maya Merhi voltou no sábado para o acampamento de Serjilla. Agora, anda pelos rochosos caminhos com ténis cor de rosa a combinar com o casaco.
"Fiquei muito feliz quando a vi a andar", disse o pai, Mohamed Merhi, sentado numa barraca improvisada.
"Toda a família e os nossos parentes estão felizes", acrescentou, com uma voz suave, ao lado da filha, que sorri timidamente.
O pai de Maya também recebeu próteses, mas reconhece que ainda é difícil usá-las.
Originários da região de Aleppo, pai e filha tiveram de se deslocar para a província rebelde de Idlib quando os combates da guerra civil síria começaram a causar estragos cada vez mais perto.
Sentada na sua barraca, sobre um colchão colocado diretamente no chão, a menina retira e volta a colocar as suas pernas artificiais, mostrando uma estrutura de plástico decorada com a bandeira turca.
"No início, foi difícil habituar-se. Antes caminhava sobre latas de conserva e, de repente, viu-se no alto das novas próteses", conta o tio Hussein Merhi, que os acompanhou na viagem à Turquia.
"Ela caía, como uma criança pequena quando aprende a andar", lembra.
Agora, às vezes com a ajuda de muletas, Maya pode brincar com as outras crianças.
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