Estarão as crianças de hoje a tornarem-se adultas antes de tempo? Muitos especialistas, nacionais e internacionais, acreditam que sim! Cristina Valente, psicóloga, é uma delas. Em declarações à edição de março da revista Saber Viver, já nas bancas, a especialista em aconselhamento parental critica os pais modernos, acusando-os de impedir os mais pequenos de viver a infância de uma forma tranquila e despreocupada.

"Nalgumas áreas, os pais têm tendência para infantilizar os filhos durante muito tempo, como é o caso da alimentação [em que] há miúdos com três anos que nunca comeram sopa sem ser passada, noutras adultizam-nos excessivamente", condena a especialista. "Isto acontece porque há uma ignorância muito grande em relação às etapas de desenvolvimento infantil e adolescente e quais os desafios de cada uma", diz.

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"Uma relação entre pais e filhos só cresce se houver disponibilidade e a vida da maior parte dos pais no século XXI é de total escravatura do tempo e do trabalho. Essa ausência é colmatada, preenchendo os mais pequenos com atividades, por um lado para os distrair e, por outro, para os armadilhar com todas as ferramentas externas para que consigam singrar num mundo competitivo. Acham que, se os filhos aprenderem mandarim e tecnologias da informação aos três anos e tiverem um telemóvel aos cinco e conseguirem fazer três desportos ao mesmo tempo, vão ser adultos de sucesso", refere.

A roupa é outro fator que tende a adultizar as crianças. Há pais e filhos que se vestem da mesma maneira e são muitas as marcas que fazem linhas duplas. Cristina Valente vê isto como "uma ferida narcísica dos pais", que, na sua opinião, têm "uma vontade inconsciente de adultizarem os filhos e de se infantilizarem a eles próprios. Na verdade, querem parecer amigos dos filhos em vez de pais", critica ainda a especialista.

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