Considerado um dos mais promissores cozinheiros e apresentadores de programas de culinária da atualidade, Donal Skehan, 29 anos, passou por Portugal para filmar “Follow Donal to… Europe”, que estreia em outubro, no canal Food Network. O Sapo Lifestyle aceitou o desafio e “seguiu” o jovem cozinheiro pelo Mercado Ribeira, em Lisboa.
Por que motivo escolheu integrar a gastronomia portuguesa no seu novo programa “Follow Donald to… Europe”?
Costumava passar férias no Algarve e sempre conheci Portugal como um país bonito mas, no que se refere à gastronomia, como era miúdo, a minha comida resumia-se a frango assado e batatas fritas. O aspeto brilhante desta série é ter a oportunidade de aprender e descobrir novas comidas. Tenho algumas noções do que é a comida portuguesa e esta é uma excelente oportunidade para aprender mais.
Que ideia tem da gastronomia portuguesa?
A ideia que tenho é que são usados imensos produtos frescos, como o peixe e muitos vegetais. Das férias que passava no Algarve fiquei com a ideia de que também se fazem muitos grelhados. E, claro, como a minha sobremesa preferida são os pastéis de Belém, espero que a doçaria seja também maravilhosa. Aliás, já tentei fazer pastéis de Belém e não fui muito bem-sucedido. Como vou lá filmar, estou muito entusiasmado porque talvez consiga a receita! (risos).
Costuma fazer pesquisa antes de visitar as cidades ou prefere ser surpreendido?
Quando visito como turista faço muita pesquisa, mas, no caso do programa, é um trabalho conjunto. A ideia é mostrar as experiências que como turistas não conseguimos ter, é dar esse elemento extra, mostrando mais do que aquilo que se vê quando percorremos as ruas, em turismo. Divirto-me imenso nessa descoberta e estou verdadeiramente entusiasmado com este programa. Lisboa vai ser a última paragem da primeira série que terá um total de 10 cidades europeias.
No decorrer das gravações de “Follow Donal to… Europe”, tem tempo para conhecer mais dos países que visita do que apenas a gastronomia?
Não. É uma das minhas grandes frustrações, mas não há tempo suficiente, a agenda é sempre muito apertada. Em compensação, tenho a oportunidade de provar comida fantástica. Também, no decorrer das gravações, tenho sempre recomendações fantásticas e sei que quando regressar a esses países vou ter oportunidade de conhecer esses sítios.
Quando está de visita a estes países o que gosta mais de fazer além da experiência culinária?
Um dos meus grandes passatempos é a fotografia, sou eu que capto as imagens dos meus livros e passo bastante tempo de volta das imagens. Se não fosse cozinheiro, seria fotógrafo. Outra coisa que gosto muito de fazer é plantar os meus vegetais. Eu devia usar um chapéu e uma enxada! Adoro cultivar.
Em agosto vai estrear o seu primeiro programa televisivo, os dois episódios de “Follow Donal to… Vietnam”, depois, em outubro, a série “Follow Donal to… Europe” . Como se sente com esta estreia na televisão?
Estou muito entusiasmado. Tenho tido alguns programas na televisão e no Youtube mas, normalmente, estou atrás de uma bancada. Este é mais real, estou nas ruas a interagir com a câmara e as pessoas, é menos tenso e muito mais divertido. Estou muito curioso para saber como vai ser a reação das pessoas.
É seguido no Youtube por 2,5 milhões de pessoas mas vai passar a ter no Food Network uma audiência mais vasta. Está preparado para este novo impacto mediático?
Na Irlanda já sinto um bocado disso. Quando vou ao supermercado as perguntam-me o que levo no carrinho de compras e pedem-me para tirar fotos ao lado do papel higiénico (risos). É um sinal de que as pessoas me vêem, que lêem os meus livros e cozinham as minhas receitas. O Food Network será uma nova plataforma mas eu estou preparado para tudo. Não quero ser daqueles que se recusam a dar autógrafos ou tirar fotografias. Se enveredamos por uma carreira na televisão, isso tudo faz parte do trabalho, e acho que é uma coisa boa, se estiver num patamar médio da fama. Não quero, por exemplo, ser como os “One Direction” e ser seguido para todo o lado (risos).
Mas o Donal já teve uma band, os “Industry”. Nessa altura não sonhava com o sucesso?
Na altura editámos dois singles que chegaram a número um do top irlandês, demos concertos para 16 mil pessoas e foi uma experiência incrível. Mas é um voo muito alto e eu preciso de uma vida normal e encontrei-a nesta carreira.
É muitas vezes comparado com Jamie Olivier. Como se sente com isso?
É uma honra enorme. Ele é absolutamente uma “superstar” e uma grande inspiração para mim. Aos 12 anos, quando comecei a cozinhar, o primeiro livro que comprei foi do Jamie Olivier. Cresci a vê-lo cozinhar e a construir a sua carreira e agora tenho a oportunidade de fazer a minha. Acho que haverá sempre essa comparação porque ambos começámos muito novos nesta atividade. Mas julgo que, agora, é o ponto em que tudo se transforma, em que as diferenças que existem entre ambos se vão notar. Somos muito diferentes embora sinta por ele um enorme respeito.
Quais são as características que julga que o distinguem dos restantes cozinheiros?
Julgo que uma delas é o facto de as minhas receitas serem todas muito fáceis e acessíveis. Quem nunca cozinhou pode sempre fazer uma das minhas receitas. O meu objetivo é não complicar com muitos ingredientes e fazer receitas simples, mas deliciosas. É um equilíbrio difícil de conseguir. Não sou um “chef” num restaurante, aprendi a cozinhar com a minha mãe e a minha avó, sou um “home-cook” (cozinheiro caseiro). As receitas que faço têm a ver com as pessoas que vêem este tipo de programas que não são “chefs”, são pessoas que cozinham em casa e os pratos têm de ser acessíveis. As receitas que mais gosto são aquelas que não dão grande trabalho e são deliciosas.
Sonha em ter um restaurante, em vir a ser um “chef” um dia?
Adorava ter um restaurante mas, atualmente, estou em viagem grande parte do ano. Se um dia abrir um negócio gostaria de estar totalmente focado nele e neste momento não dá. Mas, se calhar, quando tiver filhos irei fazer isso. Vivo numa linda vila piscatória na Irlanda e esse seria o sítio ideal para abrir o meu restaurante.
Veja as fotos de Donal Skehan no Mercado da Ribeira, em Lisboa.
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