Os pais, adeptos de estilos de vida alternativos, emanciparam-na ainda adolescente. Dianne Lake já vivia com um casal quando foi desafiada a ir a uma festa em Topanga, na Califórnia, nos EUA, um evento que lhe mudaria radicalmente a vida. Foi lá que, nesse dia de novembro de 1967, conheceu Charles Manson, o fundador da comunidade que assassinou, pelo menos, seis pessoas, no final da década de 1960. Tinha apenas 14 anos.
"Era tudo muito mágico, para dizer a verdade", acaba de recordar em entrevista ao site noticioso TheWrap. "Eu estava afastada da minha família e da comunidade onde eles viviam. O Charlie apareceu, ofereceu-me uma cerveja [feita] de raízes e convidou-me a integrar o círculo de pessoas para quem ele tocava guitarra", recorda. Inexperiente, deixou-se levar. "Nessa noite, ele levou-me para um autocarro e fizemos amor", confidencia.
"Ele fez-me sentir muito especial. Fez-me sentir aceite e amada", revela ainda Dianne Lake. Um mês depois, já seguia a seita pelas estradas do Novo México e do Arizona.
"Eu não sei se ele manipulava as coisas nos bastidores. Só sei que todos os pedidos que [lhe] fazíamos, eram atendidos. Algumas pessoas chegavam a dar os cartões de crédito dos pais. Havia sempre combustível para os carros, ofereciam-nos roupas, uma padaria trazia-nos as sobras do dia anterior e íamos às traseiras das mercearias procurar alimentos", refere ainda.
De um momento para o outro, tudo mudou. Alguns elementos do grupo começaram a roubar carros e o clube de motociclistas Straight Satans começou a fornecer-lhes armas de fogo e facas. "A energia [nessa altura] era frenética e desesperada", desabafa. Apesar de insatisfeita, resolveu continuar com a seita. "Eu mantinha-me [com eles] presa por um fio, na esperança de que as coisas voltassem ao que eram", diz.
Por três vezes, tentou fugir, mas acabaria sempre por regressar ao grupo e por se submeter às práticas sexuais que o líder da comunidade lhe impunha. "Só queria voltar a cair nas boas graças do Charlie", assume Dianne Lake. "Ele batia-me com cabos elétricos enquanto fazíamos sexo", condena. "Ele chegou a levar-me para uma caravana cigana, virou-me de costas e sodomizou-me violentamente", relata ainda.
"Disse-me que era assim que se fazia nas prisões. Depois disso, nunca mais lhe pedi para termos relações sexuais", garante a norte-americana. Vítima de violência doméstica, continuava, todavia, a tentar agradar a Charles Manson, que agredia os que lhe tentavam fazer frente.
"Como não queria que ele me batesse, dizia-lhe que sim a tudo", afiança. Mesmo quando ele escolhia os homens com quem as mulheres do grupo tinham de fazer sexo. "Têm de se livrar das vossas inibições", justificava o líder do grupo.
Depois de assassinar a modelo e atriz Sharon Tate e mais quatro pessoas, Charles Manson foi preso. Foi nessa altura que Dianne Lake, que ainda era menor, falou com ele pela última vez. Em tribunal, no seu testemunho, assumiu que ainda gostava dele, mas não o voltaria a ver. "Nós não praticávamos satanismo nem fazíamos magia negra. Fomos apenas uma comunidade de pessoas que correu mal", considera hoje Dianne Lake.
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