O projeto vai contar com a parceria de diversas instituições e assume-se como um "diagnóstico, tendo em vista a prevenção, o tratamento e a investigação" na zona afetada pelas chamas, disse à agência Lusa o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), José Tereso.
Segundo o responsável, o estudo tem como objetivo "identificar os riscos para a saúde" na zona mais afetada pelo incêndio que deflagrou a 17 de junho em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e "implementar medidas corretivas e preventivas na defesa da saúde das populações", em função dos resultados que se encontrem no terreno.
O estudo vai contar com diferentes projetos integrados, nomeadamente o estudo de "morbi-mortalidade [do foro respiratório, cutâneo, oftalmológico, cardíaco, psíquico e outros], o estudo da função respiratória e cardiovascular, estudo do solo e alimentos, a qualidade do ar e a qualidade da água de consumo", acrescentou.
Na área do impacto da função respiratória, a iniciativa vai contar com o apoio do serviço de pneumologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, sendo que será "dirigido um inquérito e uma avaliação semestral da função respiratória, através de espirometria e outros exames complementares de diagnóstico", explanou José Tereso.
Esse estudo será realizado a partir de "uma amostra aleatória da população", nos três concelhos mais afetados - Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera -, sendo que as espirometrias devem começar a ser feitas em setembro.
A iniciativa é coordenada pelo delegado de saúde regional do Centro, João Pedro Pimentel, e vai contar com a colaboração de instituições e organismos como o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, a Agência Portuguesa do Ambiente, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, a Direção-Geral de Saúde e a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.
O projeto está, neste momento, a ser desenhado, estando previsto arrancar a 31 de julho e terminar a 31 de julho de 2019, com a conclusão do relatório final apontada para 30 de outubro desse mesmo ano, informou José Tereso.
O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho, no distrito de Leiria, provocou 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foi dado como extinto uma semana depois.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 75 mil campos de futebol.
A área destruída por estes incêndios na região Centro corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em março.
Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.
O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra e Penela.
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