No evento que teve início hoje e termina quarta-feira e junta decisores políticos e líderes da saúde digital, foram apresentados os resultados do relatório europeu sobre o estado da saúde digital na região europeia, com dados de 53 países.

Num resumo distribuído aos jornalistas lê-se que “apenas um em cada dois países da Europa e da Ásia Central tem políticas para melhorar a literacia digital em saúde, deixando milhões de pessoas para trás”.

“O relatório de referência da OMS/Europa apela ao investimento urgente, à inovação e à inclusão para colher os frutos que a saúde digital tem para oferecer”, acrescenta.

Partindo da premissa de que as soluções digitais estão a transformar a forma como os profissionais de saúde diagnosticam e tratam doenças como o cancro, a diabetes e a saúde mental, a OMS/Europa refere que “os países precisam de aumentar o investimento em tecnologias e plataformas de saúde digital para expandir o acesso à saúde digital a todos”.

No relatório é referido, ainda, que “embora em muitos países a pandemia da covid-19 tenha acelerado a criação e a utilização de ferramentas e políticas de saúde digital em resposta aos confinamentos e ao distanciamento social, incluindo a telemedicina e aplicações de saúde de fácil utilização (…) ainda há muito trabalho a fazer”.

“É necessário resolver este desequilíbrio para a transformação digital do setor da saúde”, afirmou, a propósito deste relatório, o diretor regional a OMS/Europa, Hans Henri Kluge.

Paralelamente foi revelado que, e de acordo com uma análise da OMS/Europa, a grande maioria dos países da região (44) tem uma estratégia nacional de saúde digital, tendo sido frisado que todos os 53 Estados-membros têm legislação que salvaguarda a privacidade dos dados pessoais.

Este relatório destaca, ainda, outras lacunas como que apenas 19 países desenvolveram orientações sobre como avaliar as intervenções de saúde digital e que “pouco mais de metade dos países da região desenvolveram políticas para a literacia digital em saúde e implementaram um plano de inclusão digital.

“Muitos países ainda não dispõem de uma entidade específica responsável pela supervisão das aplicações de saúde móvel (mHealth) em termos de qualidade, segurança e fiabilidade, com apenas 15% a comunicar avaliações de programas de mHealth patrocinados pelo governo. E pouco mais de metade dos países desenvolveu uma estratégia de dados que regula a utilização de grandes volumes de dados e análises avançadas no setor da saúde”, são outras das conclusões.

Estes dados foram apresentados no 2.º Simpósio da OMS dedicado ao futuro digital.

O evento junta decisores políticos e líderes da saúde digital em debates sobre a forma de utilizar as tecnologias digitais como parte da solução, desde o aproveitamento das ferramentas digitais no combate às doenças - tanto transmissíveis como não transmissíveis - até ao potencial transformador da IA (Inteligência Artificial) e da telessaúde.