Uma investigação levada a cabo pela Association for Research in Vision and Ophthalmology e pela Medical University of Graz, na Áustria, aponta uma exposição solar excessiva e desprotegida como causa das manchas na íris que muitas pessoas tendem a apresentar no verão. Os especialistas chegaram a essa conclusão depois de uma experiência com 600 voluntários recrutados em várias piscinas municipais do país. Depois de responderem a um questionário sobre cuidados de proteção solar, foram submetidos a um exame oftalmológico.

As conclusões do estudo não deixam margem para dúvidas. As pessoas que apanham mais sol de forma desprotegida tendem a apresentar mais manchas no interior dos olhos. Os cientistas garantem, no entanto, que, ao contrário dos melanomas, estas tendem a ser benignas. As pessoas mais novas e com os olhos mais escuros tendem a ser as mais afetadas, aparecendo a maioria das marcas na parte mais baixa e mais à esquerda da íris.

Apesar de, à primeira análise, não representarem grande perigo, os autores da investigação apelam à proteção dos olhos nos períodos de maior exposição ao calor. «Enquanto os danos da pele causados pelos raios ultravioleta são mais do que conhecidos, os seus efeitos nocivos aos olhos não são tão comentados. A incidência direta dos raios ultravioleta no olho humano ocasiona lesões oculares graduais que podem culminar na perda total ou parcial da visão», alerta Eduardo Pinto, optometrista.

«A catarata, por exemplo, é uma das lesões oculares mais conhecidas do mundo e a sua ocorrência pode estar relacionada com a exposição à radiação ultravioleta», sublinha o especialista da Optivisão, o maior grupo ótico português. «A utilização dos óculos de sol, além de motivos ligados à estética, tem assim a função de impedir a passagem desses raios através da filtragem dos raios solares», garante Eduardo Pinto, habituado a lidar de perto com o problema.

«No caso dos adultos, os riscos na saúde são reduzidos. Porém, a utilização contínua de lentes inadequadas pode provocar desconforto, dores de cabeça e sensações de mal-estar. Assim, ao escolher uns óculos de sol, verique se as lentes possuem proteção contra os raios UV. Em geral, os modelos possuem um selo do fabricante que garante a proteção UV da lente», adverte o optometrista.

Os cuidados a ter com os mais pequenos

Usar óculos de sol é um gesto preventivo que, na opinião deste especialista, também se deve estender a outros dispositivos óticos. «É importante salientar que não são apenas os óculos escuros que devem ter proteção ocular. Os óculos com graduação e de lentes claras também podem e devem receber o tratamento com filtros que bloqueiem os danos dos raios UV», afirma Eduardo Pinto.

«Nas crianças, a atenção deve ser redobrada, dado que o globo ocular ainda se encontra em formação», alerta o optometrista. «Se a proteção não for a correta, podem desenvolver-se problemas de visão, podem surgir alterações ou até mesmo agravar os problemas de visão existentes», sublinha. «As lentes ideais para crianças devem também oferecer bloqueio de 99% a 100% das radiações UVA e UVB», acrescenta ainda o especialista.

Texto: Luis Batista Gonçalves