O coração das mães é enorme e elas costumam dizer que conseguem amar todos os filhos da mesma maneira. Mas quando o assunto é atenção o caso muda de figura. Pelo menos a julgar por um estudo do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano (NICHD) norte-americano, feito com 55 mães e divulgado pela revista científica Social Development

Os investigadores analisaram a forma como estas mulheres interagiam com o primeiro filho aos 20 meses de idade e repetiram os mesmos testes com o segundo filho, na mesma idade. Perceberam que embora, de forma geral, as mães tenham mantido os pontos de vista e atitudes em relação à maternidade, passaram a dedicar menos tempo às segundas crianças.

A Newsweek escreve que, geralmente, as mães tendem a substituir a falta de interação dos primeiros filhos com outras crianças com uma dose redobrada da sua própria atenção. Já os segundos filhos (nos Estados Unidos, 80% dos casais têm dois descendentes) dividem a atenção e os mimos dos pais com o irmão mais velho, permitindo que este último seja uma peça decisiva no seu processo de aprendizagem e socialização

Para atestar os comportamentos dos pais, os investigadores visitaram a casa de todas as participantes no estudo e filmaram as mães sozinhas com o primeiro filho, e depois com o segundo, ao longo de uma visita de duas horas. Em ambos os casos, a criança brincou sozinha durante 10 minutos e depois colaborou com a mãe. Foram ainda recolhidas diversas informações sobre as mães, nomeadamente no que toca à sua inteligência verbal, e dados sociodemográficos da família mais alargada. As mulheres preencheram ainda um questionário sobre parentalidade.

Percebeu-se que as mães privilegiavam atividades diferentes consoante se tratasse do primeiro ou do segundo filhos. Por exemplo, jogavam mais jogos com o primogénito e menos com a segunda criança.

Os cientistas registaram ainda que os primogénitos eram mais sociáveis ​​e emocionalmente disponíveis para as mães do que os segundos filhos. Concluiu-se que, embora a abordagem da mãe possa permanecer a mesma, provavelmente ela passa a agir de forma diferente quando trata de mais de uma criança. O que, sublinham os investigadores, pode afetar o comportamento dos filhos.

Diane Putnick, coautora do estudo, disse à Newsweek: “O que esta pesquisa revela é que as mães não tratam sistematicamente os filhos de forma diferente, nem tendem a eleger um favorito, mas o seu comportamento quando têm dois filhos diferentes não é igual”. E concluiu: “Elas aprendem com a maternidade e mudam para acumular responsabilidades e melhor gerir os seus sucessos e fracassos enquanto cuidadoras”.

Para saber mais: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/sode.12319