O medo do abandono é um dos grandes terrores das crianças desta idade. Existem frases que só vêm agravar este receio:

«Deixa-me em paz»
Quando esta expressão se torna rotina, a criança interiorizará que os pais não estão disponíveis para ela. Os pedidos de ajuda talvez diminuam, mas por abandono e falta de confiança.

«És mesmo...»

Parvo? Chato? Quando os pais estão zangados, tudo pode vir a seguir e provavelmente algo de tenebroso. E se a classificação é má, provavelmente a criança irá pensar que os seus dias naquela casa estão contados.

«Vês a mana? Nunca faz coisas destas»
Dizer que a irmã é melhor que ela é sinónimo de dizer a esta que não gostamos o mesmo dela e que, se tivermos um dia que optar por alguma delas para abandonar, esta estará no primeiro lugar da fila.

«Espera até o teu pai chegar a casa!»
Os conflitos devem ser resolvidos imediatamente. Até o pai chegar a casa já a criança terá esquecido o episódio e não entenderá por que está a ser punida ou estará numa enorme angústia antecipatória.

«És sempre a mesma coisa»
A criança irá pensar que se é sempre a mesma coisa não valerá a pena esforçar-se mais porque faça o que fizer será sempre... a mesma coisa.

«Fazes da minha vida um inferno!»
Acusar uma criança, que acredita em tudo o que os pais lhe dizem, que ela é a causa de uma vida miserável, roça o obsceno. Sobretudo, porque ela não pode fazer nada para modificar o facto de existir.

«Não te deixo ir para casa dos avós»
«A casa dos avós é, para a criança, um espaço de alegria porque geralmente acontecem lá coisas boas e engraçadas, de liberdade, de transgressão, e isso ajuda a criar um clima de confidência que, mais tarde, poderá ser muito útil», refere o médico pediatra Mário Cordeiro.

«Já não gosto de ti!»
«O mimo é infinito e não faz mal a ninguém. Mais vale embalar o seu filho e dar-lhe colo securizando-o e acalmando-o do que deixá-lo chorar, criando uma pessoa infeliz e descrente na força do amor e do carinho», refere ainda.

Texto: Vanda Oliveira
Fonte: Adaptado de «O livro da criança», Mário Cordeiro, A Esfera dos Livros