O esclarecimento da empresa surge após a denúncia feita na semana passada ao Ministério da Educação pelo Movimento pela Reutilização dos Livros Escolares de que diversas autarquias “estão a patrocinar uma campanha de recolha de manuais escolares para revenda”, considerando que esta ação levanta “sérias dúvidas éticas e morais”.

O movimento anunciou ainda que iria denunciar esta situação à ASAE e à Direção Geral do Consumidor por considerar que viola o “código da publicidade e a lei das práticas comerciais desleais na campanha de recolha para revenda de livros escolares”.

Em declarações à Lusa, o presidente executivo da empresa, João Bernardo Parreira, afirmou não ter dúvidas sobre a legalidade do trabalho que a empresa está a realizar e do seu impacto na vida das famílias.

O impacto desse trabalho “é trazer valor a um material que estava nas prateleiras das pessoas e garantir que através de um sistema profissional cómodo e eficiente as famílias podem poupar”, explicou João Bernardo Parreira, um dos três jovens que, em 2016, lançaram a plataforma que permite descontos de 60% nos livros.

Sublinhou ainda que “já se provou” no ano passado ser “um modelo válido” ao ter conseguido poupar mais de 300 mil euros às 19 mil famílias registadas.

“E este ano provar-se-á ser um processo ainda mais válido quando conseguirmos atingir mais de 60 mil famílias” e poupar “mais de três milhões de euros”, sustentou o CEO da empresa.

João Bernardo Parreira disse ainda não perceber as críticas do Movimento Reutilizar, uma vez que têm o mesmo objetivo de resolver o problema das famílias relacionados com os gastos elevados com a compra de manuais.

“Nós não contestamos os argumentos do Movimento Reutilizar aquilo que dizemos é que por uma questão de escala é necessário que seja um serviço profissionalizado”, que tem uma plataforma logística de suporte, recolha, triagem e de controlo de qualidade dos materiais e um serviço de suporte ao utilizador.

“Tudo isto representa custos que temos de cobrir quanto mais não seja para garantir a sustentabilidade deste modelo”, sublinhou.

Nesse sentido, “as queixas não fazem qualquer sentido e são, apenas, uma forma de perturbar um programa que que, só este ano, irá abranger 70 escolas e 50 mil alunos”, adiantou, lembrando que a economia circular é uma das prioridades atuais da União Europeia.

Quem entregar todos os manuais de que não precise e só adquirir livros usados, poderá poupar 80% dos 216 euros que, em média, se gastam por ano com um filho no início das aulas.

“O único obstáculo é que há muito menos pessoas a entregar livros de que já não precisam para receberem 20% do seu valor, do que famílias interessadas em reutilizar manuais com 60% de desconto. Temos sete vezes mais interessados em comprar do que em entregar e receber dinheiro por isso”, segundo o CEO.