“É lamentável que até agora a distribuição de vacinas tenha sido injusta, mas este é um empreendimento massivo e leva tempo. A parceria Covax visa fornecer cerca de 600 milhões de doses para África em 2021″, disse, adiantando que aguarda uma maior distribuição de doses até junho num continente com 1,3 mil milhões de pessoas.

O anúncio da OMS surge um dia depois de o presidente em exercício da União Africana, o chefe de estado da África do Sul, Cyril Ramaphosa, ter anunciado a reserva de 270 milhões de doses das vacinas da Pfizer, Johnson & Johnson e AstraZeneca através do Serum Institute da Índia.

Espera-se que as doses sejam atribuídas aos países com base na dimensão da população e na gravidade do surto, sendo os trabalhadores da saúde considerados de máxima prioridade depois de milhares de pessoas terem sido infetadas.

O continente africano enfrenta a segunda vaga da pandemia e regista atualmente cerca de 30.000 novos casos de vírus por dia, em comparação com 18.000 durante o primeiro surto, segundo dados do Africa CDC, que apontam que as mortes confirmadas por covid-19 aumentaram 21% na última semana em África, com mais de 5.400 óbitos registados.

O continente tem mais de 3,1 milhões de casos confirmados de vírus, incluindo mais de 75.000 mortes, e de acordo com os especialistas está a ser “atingido muito duramente” por uma segunda vaga de infeções.

A taxa de mortalidade associada à doença em África é agora de 2,4%, acima da taxa média global de 2,2%.

Cerca de 20 países africanos têm taxas de casos fatais acima da média global, incluindo o Sudão com 6%, o Egito com 5,5%, o Mali com 3,9%, o Congo com 3,1% e a África do Sul com 2,8%.

A África do Sul é um dos países mais atingidos do mundo, uma vez que uma variante altamente infecciosa do vírus domina agora o número de novos casos. O país tem mais de 1,2 milhões de casos, incluindo 35.000 mortes.

Segundo a responsável da OMS, a sequenciação genómica encontrou essa nova variante em três outros países: Botsuana, Gâmbia e Zâmbia.

A importância de um sistema robusto de vigilância genómica não pode ser sobrestimada”, disse Matshidiso Moeti.

As vacinas da Covax deverão cobrir apenas 20% da população em África e surgem preocupações relacionadas com forma como os países africanos poderão receber vacinas que requerem um armazenamento super-frio, devido à falta de infraestruturas e ao fornecimento de energia incerto.