Alexandra Bento, bastonária da Ordem dos Nutricionistas, assegura que "ter obesidade é, só por si, um fator de risco para as crianças poderem vir a ter diabetes e que ter peso a mais é fator de risco para vir a ter hipertensão".

"Relacionado com a obesidade há um rosário de doenças muito preocupantes e destaco a diabetes", comenta citada pela rádio TSF. "Ter peso a mais é fator de risco para ter hipertensão arterial", diz, alertando que esta doença "não surgirá em tenras idades, mas sim na vida adulta".

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Em Portugal, cerca de um terço das crianças têm excesso. "Condenar uma criança a ser menos saudável, porque não teve bons hábitos alimentares e porque toda a sociedade não se organizou para que ela tivesse bons hábitos alimentares, é questão que deve merecer preocupação imensa", assevera a bastonária.

Qual o peso da obesidade no futuro?

A obesidade é reconhecida como doença pelas organizações de saúde incluindo a Organização Mundial da Saúde. Existem 1,4 milhões de pessoas com obesidade em Portugal, o que faz com que seja um dos países com maior taxa de obesidade da União Europeia.

A obesidade é influenciada por vários fatores como os hábitos alimentares, sedentarismo, fármacos, fatores genéticos, determinadas doenças endócrinas, alterações no microbioma intestinal, disruptores endócrinos no ambiente e na cadeia alimentar, entre outros. No entanto, os grandes promotores da obesidade, na sociedade atual, são o estilo de vida moderno associado a um aumento do consumo e diminuição do dispêndio energético. A disponibilidade alimentar é uma constante, e as tecnologias no trabalho, na diversão e na ocupação de tempos livres estão associadas ao sedentarismo.

"Há ainda que considerar a influência dos fatores psicológicos, socioeconómicos (aumento de obesidade nas classes socioeconómicas mais desfavorecidas), aspetos de urbanização, sistema de transportes, aspetos culturais, indústria alimentar, meios de comunicação social e publicidade na prevalência da obesidade", explica Paula Freitas, médica e membro da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade.

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"O excesso de peso e a obesidade estão associados a múltiplas doenças com impacto na qualidade de vida e na mortalidade, nomeadamente insulinorresistência, diabetes, dislipidemia aterogénica, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, inflamação vascular, apneia obstrutiva sono, doenças gastrointestinais e hepáticas (esteatose hepática, cirrose), síndrome do ovário poliquístico, infertilidade feminina, hipogonadismo masculino, artroses, insuficiência vascular, depressão, morte cardiovascular e vários cancros como mama, endométrio e próstata", enumera a médica.

"A obesidade é uma doença tratável e possível de prevenção, cujas consequências tardias podem ser evitadas, se precocemente procurar ajuda médica e estiver preparado para modificar o seu estilo de vida para toda a vida", sugere Paula Freitas.