Yolanda Lobo, uma das mais famosas modelos nacionais de tempos que já lá vão, foi escolhida, aos 58 anos de idade, para embaixadora do filme “A Idade de Adaline”, que agora estreou em Portugal e que aborda o tema da juventude eterna. Um bom motivo para uma conversa com uma mulher que muitos continuam a considerar um ícone de beleza.
O que a fez aceitar o convite para ser embaixadora deste filme?
Primeiro, senti-me muito lisonjeada porque, para já, é fora do vulgar. Depois, pensarem em mim para embaixadora de um filme onde a protagonista não envelhece, só pode querer dizer que ainda estou muito bem para a idade que tenho (risos). É motivador para continuar a fazer o que tenho feito, como exemplo para outras pessoas que estão a atingir a idade mais madura.
E que exemplo dá?
Tento manter-me a rir o dia todo e vejo sempre o lado positivo de tudo, mesmo o do envelhecimento. A minha mãe nunca me avisou que seria assim tão mau (risos). Que me iria esquecer das coisas, que não ouviria bem, que iria ter dores em todo o lado. Como eu olhava para ela e ela estava sempre bem, eu também não lhe perguntava como era essa coisa de envelhecer.
Como se pode ver o lado positivo de tudo isso?
Por exemplo, se me esqueço, é maravilhoso, porque é sempre tudo novo para mim. Se vou a um restaurante com uma amiga, primeiro temos que ver no Google onde é e, quando lá chegamos, descobrimos que, afinal, já lá tínhamos estado no mês anterior (risos). Não vale a pena chorar se não me lembro das coisas.
Como lida com o envelhecimento físico?
Há médicos que nos ajudam, mas o que acho é que não podemos andar como umas loucas a fazer plásticas, no estica dali e daqui, porque retiramos aquilo que já vivemos. O retoque, uma ajuda para que o envelhecimento não seja drástico e não caia tudo ao chão de repente, é muito bom. Mas não vale a pena andar a esticar muito porque o pescoço não tem grande remédio, as mãos estão lá, dizemos adeus e tudo treme e, portanto, tem que haver bom senso nisso tudo. Os médicos estão lá para me ajudarem a envelhecer gira. Não me ponham uma cara nova num corpo velho! Nem me transformem a boca nem nada dessas coisas que acho ridículas. Tudo tem que ter uma quantidade, a que chamo de bom senso.
Hoje em dia vemos meninas de 17 anos a fazer cirurgias plásticas…
A beleza da mulher e do homem começa a definir-se como especial, como fora do vulgar, como cheia de classe ou de glamour, quando a vida nos toca ao coração e se vê na alma e nos olhos. Se começamos a fazer plásticas antes de tempo, a vida não nos consegue marcar nem bem, nem mal. Não nos deixa traços dessa beleza tão enorme que é a nossa vida, os nossos amores, desgostos, a nossa carreira profissional. Tudo isso está no meu rosto. Acho que é isso que me faz bonita. Quando olho para o espelho vejo a mulher que fui e tenho sido.
Gostaria de ter ficado sempre nos 29 anos como a personagem do filme “A Idade de Adaline”?
Nunca. A minha filha tem 27 e seria um horror. Vou ser avó em outubro e com 29 anos nunca! Gostava, se calhar, de ter a saúde que tive até aos 35 anos. Agora tenho problemas de saúde que me aborrecem e que me tiram a vontade de rir durante 10 minutos, mas que, depois, ponho para trás das costas. Também gostava de poder fazer uma dieta e poder emagrecer mas, agora, até quando como cereais engordo. Não percebo… (risos).
Quando olha para trás, há alguma fase etária de que sinta saudades?
Sei que a minha melhor fase em termos de afirmação, saúde, postura e beleza física foi entre os 30 e os 40 anos. Agora tenho de controlar tudo e ser mais comedida. O meu envelhecimento cuidado e lento tem a ver com todos os excessos que não fiz durante a vida toda. Fiz de tudo mas q.b.. E não tenho saudosismos porque tive uma vida tão cheia de tanta coisa fora do vulgar, como ir sozinha para Paris desfilar, e tantas aventuras engraçadas que vou tendo sempre, que estou sempre ansiosa para ver o capítulo seguinte.
Que, agora, é ir ser avó!
É verdade! Estou tão, tão feliz, tão cheia de energia e vontade de ter um bebé no colo outra vez! Vou reviver a minha filha e o meu filho sem ter a preocupação de os educar. Pelo contrário, quero mesmo é deseducá-lo, dar-lhe guloseimas às escondidas, enchê-lo de prendas, deixá-lo brincar com o cão e com o coelho. Os pais que o eduquem! (risos)
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