A falta de médicos e enfermeiros marcou o ano de 2023 na Saúde, que começou com encerramentos de blocos de partos, continuou com greves e acabou com limitações nas urgências, obrigando os doentes a deslocar-se dezenas de quilómetros.
A proposta final apresentada pelo Ministério da Saúde aos sindicatos dos médicos prevê um aumento de 917,10 euros mensais na remuneração de entrada dos médicos especialistas que trabalham nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) considerou o "aumento transversal de 3,6%" para os médicos proposto pelo Governo "um insulto a toda a classe", apontando ao executivo "falta de vontade política".
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) mantém as greves que agendou para este mês face à falta de acordo com o Governo sobre aumentos salariais e dedicação plena, disse o secretário-geral à saída de uma reunião negocial.
A proposta que o Governo enviou hoje aos sindicatos dos médicos centra-se na generalização das Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo B e no novo regime de dedicação plena, anunciou a ministra da Presidência.
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) recebeu às 02:59 de hoje a proposta do Governo sobre a dedicação plena e a grelha salarial, mas considerou que a proposta de aumento de 1,6% “não faz qualquer sentido”.
A ministra da Saúde afirmou hoje, no Porto, em relação às quatro greves anunciadas no setor, que o Governo "sempre esteve disponível para dialogar" com os sindicatos, mas salientou que "não há coincidências" em relação ao 'timing' do anúncio dos protestos.
Portugal registou, entre 2012 e 2018, 127 greves hospitalares, num total de 268 dias de greve, envolvendo protestos de enfermeiros, médicos e técnicos de diagnóstico, estimando-se impactos negativos na taxa de mortalidade e na atividade cirúrgica.
A taxa de absentismo no Serviço Nacional de Saúde atingiu no ano passado um valor recorde, com as faltas por motivos de greve a terem um crescimento acima dos 45% em relação a 2017.
Pelo segundo dia consecutivo, Matilde Sousa teve uma consulta adiada na unidade de Vila Real do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) devido à greve dos médicos, uma situação que a deixou "preocupada" e "saturada".