As algas prometem substituir a couve-galega, o óleo de abacate vai conquistar a cozinha, os ovos são sempre bem-vindos, o poke havaiano vai rivalizar com o sashimi e o sabor ácido com um toque de picante está mais do que na moda. Estas são apenas algumas das tendências gastronómicas sugeridas este ano por várias entidades de referência. A National Restaurant Association, a 2016 Trend Forecast Speciality Food Association, a McCormick & Company, Incorporated e a Margão.

Mas há mais. Não exagere no consumo de proteínas, elimine os alimentos processados, coma fibras, deixe de contar calorias, recupere ingredientes ancestrais, experimente os sabores exóticos vindos de África e do sudeste asiático, e, sobretudo, alimente-se de forma saudável, mas sem perder pitada de sabor. Estas são as mudanças a fazer para acompanhar as tendências:

- Modere a ingestão de proteínas

Nos últimos anos, as proteínas ganharam protagonismo, muito por culpa da Dieta Paleo. Foram associadas a bebidas energéticas, a massas, a bolachas... Mas será que um elevado consumo deste nutriente é assim tão benéfico? Ninguém duvida que são essenciais para o nosso organismo, pois é graças aos aminoácidos por elas produzidos que reparamos as células.

No entanto, em excesso podem ser mais prejudiciais que benéficas. Uma investigação levada a cabo pelo Instituto de Longevidade da Universidade da Califórnia do Sul, nos EUA, mostra que o risco de vir a sofrer de cancro é 400 vezes maior nos indivíduos que vão buscar 20 por cento das suas calorias diárias às proteínas quando comparados com os que se ficam pelos dez por cento. Por isso, esta instituição aconselha que se diminua o aporte de proteína animal.

- Elimine os processados

Sempre que possível, evite os alimentos processados. O Centro de Pesquisa de Prevenção da Universidade de Yale, nos EUA, comparou várias dietas famosas e concluiu que as boas dietas, como a mediterrânica, dão ênfase aos vegetais, fruta, cereais integrais, sementes e nozes, e eliminam ao máximo os alimentos processados.  E é só isso que basta para ter uma alimentação saudável.

- Coma fibras

Se há nutriente importante, as fibras estão no topo. Alimentam a flora bacteriana, fazendo com que esta produza ácidos gordos essenciais que são, depois, absorvidos pela circulação sanguínea e ajudam a regular o sistema imunitário e a acalmar a inflamação.  Estudos demonstram que a flora bacteriana está associada a alguns problemas de saúde como a obesidade, a diabetes tipo 2 e algumas patologias autoimunes.

- Fuja do light

Esqueça os adoçantes, as bebidas light, os produtos sem gordura ou de baixas calorias. Porquê? Porque quando comparados com os açúcares ditos normais, os alimentos com adoçantes e o selo light não ativam os centros de recompensa do cérebro, o que leva as pessoas a ingerirem mais calorias.

Um estudo da Escola de Saúde Pública John Hopkins em Baltimore, nos EUA, demonstrou que adultos obesos e com peso a mais que bebiam bebidas diet ou light consumiam mais calorias do que os que bebiam refrigerantes normais.

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Vale a pena continuar a contar calorias?

Contar calorias? Depende... Até há pouco tempo, pensava-se que, desde que não se ultrapassasse a quantidade de calorias diárias permitidas para cada indivíduo, o peso mantinha-se. Hoje, a teoria é outra. Depende do tipo de alimento ingerido, ou seja, as calorias ingeridas numa bolacha não são iguais às de um mirtilo, porque o corpo usa-as de forma diferentes.

Isto acontece porque os hidratos de carbono presentes na bolacha aumentam os níveis de insulina e são armazenados, sobretudos, nas células gordas, e isso aumenta a sensação de fome. Concluiu-se, então, que quando as calorias não estão distribuídas de forma correta não vale a pena contar calorias e deixar de comer, deve-se sim escolher bem os alimentos, que ajudam a queimar calorias.

Um estudo da Harvard Medical School, nos EUA, demonstrou que quem ingeria uma dieta de tipo mediterrânico com poucos hidratos de carbono queimava o mesmo número de calorias do que quem fazia um exercício moderado. Os seus corpos tornaram-se mais eficientes a queimar calorias.

Outras tendências a ter em conta

- Encomendar comida vai deixar de significar fast-food. Os restaurantes e chefs estão atentos a essa necessidade e, cada vez mais, têm serviços de entrega com comida saborosa e saudável.

- Substituir os hidratos de carbono por vegetais. Com a curgete, por exemplo, é possível fazer massa e, com couve-flor, arroz.

- Não desperdiçar nenhuma parte dos alimentos, mesmo as que costumam ser menos apelativas e menos usadas. Podem ser usadas em pratos, sumos, batidos e molhos pesto.

- Os sabores de África estão a espalhar-se pelo mundo. Há já quem diga que, este ano, podem ultrapassar a gastronomia mexicana em termos de popularidade.

Texto: Rita Caetano