Quando falamos de raízes, pensamos imediatamente nas cenouras e nas batatas. As batatas, apesar de raízes, são tubérculos que se desenvolvem nas raízes do batateiro. As cenouras são raízes e é deste grupo que vamos falar neste número, onde também se incluem a pastinaca, o nabo, o rabanete, a beterraba, o salsifi e a escorcioneira. As raízes comestíveis são uma forte componente da nossa alimentação.

Apesar de pertencerem a diferentes famílias,  estes ingredientes têm algumas características de cultivo em comum. Conheça os benefícios nutricionais de cada um deles:

- Cenouras

As cenouras, ricas em betacaroteno, substância que o nosso organismo transforma em vitamina A, são a rainha das raízes comestíveis. Doces e suculentas, foram introduzidas no território peninsular pelos árabes há cerca de 900 anos. Uma das suas qualidades é poderem ser consumidas cruas ou cozidas e também serem fantásticas para fazer conservas.

As mais conhecidas são as de cor alaranjada e de forma cónica e longa, mas existem muitas outras variedades que diferem tanto no tempo de cultivo como na forma e na cor. Uma das variedades mais comuns é a que chamamos cenoura branca que na realidade não é uma cenoura mas, sim, pastinaca. Além de vitamina B e C,  são ricas em cálcio, magnésio, ferro, cobre, zinco e iodo.

- Pastinaca

A pastinaca, rica em vitamina C, B1 (tiamina) e B3, está mais perto da cenoura no seu estado selvagem e já foi muito utilizada na culinária europeia, sobretudo pelos gregos e romanos antes da descoberta da batata. Apesar de já não a consumirmos, continua a ser usada para alimentar gado. Felizmente, ambas estão atualmente a reconquistar o lugar a que têm direito entre os legumes de paladar gourmet, juntamente com a salsifi e a escorcioneira, ingredientes que muitos chefs têm vindo a recuperar.

- Salsifi e escorcioneira

São ainda menos conhecidos, o que é surpreendente, visto serem ambos deliciosos. Os salsifis são conhecidos nos países anglo-saxónicos como oyster plant, devido ao seu requintado sabor.

- Beterraba

A beterraba, rica em ferro, açúcares, vitaminas e sais minerais, é outra das raízes comestíveis de que tanto gosto, não só pelo seu doce sabor a terra, como pela sua cor. Está intimamente ligada à acelga por fortes laços familiares. Tanto a raiz como as folhas podem ser consumidas cruas ou cozidas, é muito usada para fazer conservas em frascos, mas a sua maior utilização é na indústria do açúcar.

- Nabo

Outra raiz, que pertence à família das couves, é a cabeça de nabo. No ocidente, o mais vulgar tem uma forma arredondada e cor branca, com o topo variando entre o púrpura, o verde e o amarelo claro. Com um sabor bastante característico, tem vindo a perder popularidade na nossa culinária. Se não fosse o cozido à portuguesa e algumas sopas, já quase não se utilizaria.

Felizmente, uma outra variedade mais alongada do nabo é muito apreciada e utilizada no oriente e, como essa culinária é cada vez mais popular entre nós, podemos continuar a usufruir até das suas variedades mais exóticas.  A raiz deste vegetal possui uma alta concentração de vitamina C, um poderoso antioxidante.

Veja na página seguinte: A raiz que é uma importante fonte de vitaminas B6, B9, C e K

- Rabanete

Os rabanetes são muito fáceis de cultivar, sendo mesmo a mais rápida de todas as culturas hortícolas. Basta dizer que estão prontos a colher entre três a seis semanas depois da sementeira. Por esta razão, semeiam-se muitas vezes em conjunto com outras hortícolas de crescimento mais lento, para marcar as linhas de plantio e facilitar a monda das ervas espontâneas sem perigo de danificar a cultura.

Apesar de não serem muito consumidos em Portugal, são muito apreciados pela sua beleza e variedade de cores vivas e fortes, dando um toque e um sabor apimentado muito especial às saladas. Além de cobre e zinco, este alimento é uma importante fonte de vitamina B6, vitamina B9, vitamina C e vitamina K.

Cuidados de cultivo

O modo de cultivo é uma das características comuns destas hortícolas, apesar de pertencerem a famílias distintas. A maior parte gosta de ser semeada em lugar definitivo e algumas, como as cenouras, não toleram mesmo o transplante. Como as suas sementes são muito pequenas, é usual misturar um pouco de areia branca para as semear, obtendo assim maiores espaçamentos.

Normalmente, é necessário fazer um desbaste durante o crescimento, pois de contrário ficam muito apertadas e não conseguem atingir os tamanhos desejados. Convém não aplicar muito composto no solo, pois pode provocar deformações e gretas nas cenouras e alterar os sabores. As cinzas são uma boa alternativa como adubo para estas culturas.

Por esta razão, as cenouras são uma boa escolha para cultivar a seguir a outras espécies que gostam de boa adubação, como é o caso das couves e da batata, só para referir duas. A melhor altura para semear estas hortícolas é no início da primavera, mas podemos cultivá-las durante quase todo o ano e mantê-las no solo por um largo período de tempo para serem colhidas à medida das nossas necessidades.

Texto: José Arantes