Não que não tenha objetivos, ideias, motivações que me venham a aquecer o coração em 2017 - errado. Quero esforçar-me e consegui-los de forma positiva. Já disse que acredito que apenas controlamos uma parte da nossa vida, através das nossas escolhas, mas há coisas aleatórias com que a vida nos brinda, que não podemos adivinhar ou contemplar num plano prévio à partida. Perceba-se que não me resigno sentada à espera do que possa acontecer, ou que passe a ter uma postura passiva perante a vida, mas cada vez mais acho que não temos poder absoluto acerca do que nos acontece. O que depende totalmente de nós é a maneira de lidar com as coisas, podemos ver de forma positiva, ou negativa, podemos aprender ou desaprender e lamentar-nos, aqui a decisão já é nossa.

Creio que o Universo é uma balança que nos vai dando e tirando coisas numa medida sábia, temos que as aceitar, ou saber lidar com elas.

No início deste ano constatei que afinal o civismo tem preço: quando estava “muito” grávida e em filas enormes, ninguém, sublinho – ninguém - se dignava a deixar-me passar, coisa que sempre fiz antes e continuarei a fazer (seja a grávidas, acompanhantes de colo, pessoas com mobilidade reduzida ou idosos). Acho que faz parte da educação, mas a educação não se compra. Agora que neste novo ano se pode pagar uma multa por não respeitar o que já devia ser suposta e civilizadamente respeitado, sempre que vou com o meu filho, que entretanto já passou da barriga para o colo, é uma prontidão ridícula a deixar-me passar. Digo ridícula, porque é pela motivação errada, e não algo intrínseco, mas enfim, ainda nos dias de hoje, com tanta evolução tecnológica, temos que educar a sociedade através de bons e pagos princípios.

Não quero resoluções, nem receitas milagrosas, quero genuinidade e viver o dia a dia com consciência de mim e dos que me rodeiam, “ser uma pessoa melhor”, parece clichet, mas resume tudo, viver mais para mim, mas não ser egoísta, fazer as coisas pela minha pessoa e não para os outros avaliarem ou gostarem. Espero pelo menos seguir algumas linhas que possam ser orientadoras de felicidade, a meu ver…

Passar menos tempo ao telemóvel e não me rodear de aparelhos elétricos no geral, falo da televisão, do computador, de tudo o que nos “rouba” à comunicação com os outros e à criação de laços. O filme “Perfetti Sconosciuti” de Paolo Genovese, espelha satiricamente isto mesmo de que falo, em como o nosso telemóvel se tornou na nossa “caixa negra”, nos restos mortais dos nossos pensamentos, sentimentos e vontades, e num refúgio nem sempre usado da melhor maneira, fruto de obsessões, ciúmes, controlo - tudo o que nos agrilhoa e não nos deixa ser livres.

Fazer exercício, porque me faz bem e não porque estou numa competição qualquer que nem eu sei bem qual é. Para já, dar um uso saudável à passadeira para fazer exercício físico, que inconscientemente acaba por se religiosamente usada, nem que seja meia hora por dia, e depois retornar ao ar livre, à bicicleta, não para ter programas de monitorização XPTO ligados ao telemóvel, mas simplesmente sair e sentir a paisagem.

Ser mais organizada, como preconiza o método japonês KonMari “arrume a casa, a arrume a sua vida”. Ter perto de nós somente o que nos faz feliz, descartarmo-nos do acessório e poluidor de energia, discernir o útil, do fútil, ser grato pelo que temos e pelo que já tivemos, limpar o coração.

Algumas das dicas são a ideia de que o excesso, assim como em tudo na vida, não é bom para a correta circulação de energias positivas, perguntar sempre sobre tudo: isto faz-me feliz? Como, por exemplo, livrar-se de fotos antigas, livros que não leu ou outros objetos que não contribuem para o seu bem-estar atual: concentrarmo-nos no que nos faz feliz hoje, no fundo, voltamos sempre ao meu querido mindfulness: foco no presente, descomplicar, e retornar ao “Keep it simple” - simples e eficaz.

Em 2017 quero “simplesmente“ agradecer tudo o que 2016 já me deu