A notícia é avançada na edição desta sexta-feira do Diário de Notícias. Portugal vai começar a usar medicamentos antirretrovirais contra a infeção pelo VIH/Sida em pessoas que não têm o vírus, como forma de prevenir o aparecimento de novos casos. Geralmente, estes fármacos são prescritos a pessoas já infetadas para manter a carga viral controlada, com o intuito de não desenvolver Sida.

estudo francês Ipergay, publicado no New England Journal of Medicine, mostra que o tratamento preventivo contra a infeção pelo vírus da Sida antes e após as relações sexuais permite reduzir em 86% o risco de infeção.

O projeto vai avançar em homens que têm sexo com homens que correm maiores riscos de infeção, escreve o referido jornal.

António Diniz, diretor do Programa Nacional para a Infeção VIH/Sida, confirma que o projeto vai começar já em 2016 em Lisboa, cidade onde se registaram quase metade dos novos casos de infeção em 2015.

"A proporção de novas infeções neste grupo [de homens que têm sexo com homens] está a aumentar em relação a outros onde houve uma descida mais visível, como o grupo dos utilizadores de drogas injetáveis", explica o especialista citado pelo Diário de Notícias.

A profilaxia de pré-exposição (PrEP), nomenclatura dada a este tipo de tratamento, está a ser avaliada internacionalmente e já está em aplicação em França e Estados Unidos. Outros países, como a Alemanha, Bélgica, Itália ou Espanha, estudam também a introdução da medida.

Os critérios para eleger os homens saudáveis em situação de risco que podem participar no projeto vão seguir as normas aplicadas em iniciativas semelhantes nos Estados Unidos: homens que têm sexo com homens que tenham um parceiro seropositivo, que não usem preservativo, tenham múltiplos parceiros sexuais ou sejam trabalhadores do sexo.

Risco de outras doenças

A utilização de medicamentos para prevenir a infeção pelo VIH não é consensual. Para alguns especialistas, a desinibição de comportamentos associada ao tratamento PrEP é considerada um risco para o aparecimento de outras doenças sexualmente transmissíveis, que os medicamentos antirretrovirais não previnem, e também para o aparecimento de resistências aos atuais fármacos.